12/02/2015 - DÓLAR DISPARA
O dólar dispara e vai a R$2,874,
a maior cotação em quase 11 anos. Desde o fim de janeiro, o dólar vem em clara
escalada. No dia 29 estava valendo R$2,608. Do dia 28-01 até ontem o real caiu
10%, em apenas nove dias úteis. A disparada ocorreu devido aos comentários do
Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no dia 30, de que o governo não tem intenção
de manter o câmbio “artificialmente valorizado”, reduzindo os swaps cambiais de
US$200 milhões para US$100 milhões por dia. A forma de um contrato garantir a
valorização futura do dólar referida, provocou perdas de R$17 bilhões junto ao
BC, o que se incorporou à emissão de títulos da dívida pública. Logo,
transferiu-se para o déficit primário. Já, no balanço de transações correntes,
o déficit externo foi de 4% do PIB em 2014. Estão aí os chamados “déficits
gêmeos”, que enfraquecem qualquer economia. Em um maior conjunto, o que está por trás é
que, quando a economia degringola, risco iminente de recessão, falta de água,
risco de racionamento de energia, déficit nominal de quase 7% da arrecadação,
déficit primário, déficit em conta corrente no balanço de pagamentos de 4%, bem
como um grande buraco da corrupção evidenciado, ficando cada vez maior na
Petrobras, provocam receios de que novos capitais venham para o Brasil. Menos
ingresso de dólares (menor oferta), maior demanda, o preço dele sobe. Ademais,
os Estados Unidos se recuperaram bem e irá aumentar a sua taxa básica de juros,
o que faz muitos dólares voltarem para lá. Assim, muitos países estão buscando
o dólar, o movimento é antes de tudo especulativo.
No final de 2002, quando Lula era
o virtual vencedor da eleição presidencial, o Brasil estava com poucas reservas
externas, a especulação correu solta e o dólar chegou a ser negociado a R$4,00.
Lula fez a “Carta aos Brasileiros”, prometendo respeitar contratos, a economia
se estabilizou e cresceu sustentavelmente, tendo o dólar recuado até R$1,50.
Com a crise internacional de 2008-2009, ele subiu até R$2,75, mas recuou para
R$1,75, depois de 2009. O Brasil possui reservas internacionais por volta de
US$360 bilhões. Contudo, não pretende utilizá-las em grande monta. Daí, as
declarações de Levy, ainda mais que o real se desvalorizando melhora as
exportações de manufaturados, cuja indústria como um todo recuou 3,2% em 2014.
A produção industrial está em nível 8% menor do que em setembro de 2008, quando
a crise internacional não tinha se iniciado pelo Brasil. Além do mais, o dólar
só não atingiu cotação mais elevada devido à taxa SELIC, no nível de 12,25%
anuais, que, em face ao que pagam títulos nos Estados Unidos, na Europa e no
Japão, flutuando entre 0,25% a 2%, o que proporciona ganhos muito expressivos
ao capital estrangeiro ou, no mínimo, limitando a saída de recursos.
Há quatro tipos de cotação do
dólar. O dólar comercial, o tratado acima e, evidentemente, o mais negociado. O
dólar turismo, para viagens internacionais, tendo este ultrapassado os R$3,00.
O dólar paralelo é o livremente comercializado até maior do que o turismo. O
dólar a cabo, negociações que não passam dentro do País. Enfim, a tendência é
de alta. Isto acontece dentro de um ambiente ruim, isto é, recessivo e de alta
inflação. Acontecendo hoje aqui mais forte do que em outros países, tais como Turquia,
Venezuela e Rússia, que estão nos noticiários diários como economias mais
debilitadas do que o Brasil. Em suma, a repentina insegurança intranquiliza a
muitos e a especulação corre solta.
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