19/08/2014 - RENDA E TRIBUTAÇÃO
Cálculos do Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário (IBPT) revelam que neste início de agosto, mais uma
vez, os prazos de antecipação dos recebimentos aumentaram, agora de quinze dias
antes, das arrecadações dos governos federal, estaduais e municipais, alcançando
R$1 trilhão, conforme estampou o luminoso que apresenta os números a todo o
momento dos pagamentos de tributos pagos pelos brasileiros, na porta da
Federação do Comércio no centro da cidade de São Paulo. Há vários anos cada vez
mais cedo chega o referido valor, o que é o indicativo de que continua a
elevação da carga tributária brasileira, ultrapassando 36% do PIB. Referida
carga é uma das mais altas do mundo. O pior, ela retira poupança das famílias e
das empresas que deveriam ser dirigidas aos investimentos produtivos. Consoante
as contas nacionais, a poupança brasileira não chega a 13% do PIB, menos de um
terço do que é retirado pelos governos, havendo necessidade de importar mais de
5% do PIB de poupança externa. No conjunto, as poupanças não alcançam a 18% do
PIB, em tese, garantindo uma taxa média por volta de 2% de incremento do produto
nacional. Isto aconteceu nos últimos quatro anos. Mas, a situação vem se
deteriorando, cabendo ao Banco Central apresentar semanalmente um retrato de
incompetência da política econômica, haja vista que os 100 especialistas
financeiros consultados, pela décima segunda vez neste exercício preveem recuo
do aumento do PIB, agora taxa estimada para 2014 em 0,79%.
Dados também elaborados pelo
IBPT, quanto à renda, mostram que 80% da população brasileira recebem três
salários mínimos, isto é, até R$2.172,00, contribuindo com 53% de R$1 trilhão.
Já 7,6% da população nacional percebem de sete a dez salários mínimos, isto é,
entre R$5.068,00 e R$7.240,00, pagando 17% do total arrecadado. Quanto aos
outros 12,4% da população pagam 30% de tributos. Como se observa a tributação é
mais elevada nas classes menos favorecidas.
O IBPT afirma que a maior parte
dos tributos arrecadados são gerados por itens de necessidades básicas, tais
como habitação (42%), transporte (24%), alimentação (15%). No Brasil 72% da
tributação ocorre na esfera da produção, sendo 28% incidentes no patrimônio e
na renda. O contrário dos países desenvolvidos. Assim, segundo o presidente do
IBPT, João Eloi Olenike, o ideal seria que a maioria dos tributos incidisse
sobre patrimônio e renda. Em suas palavras: “O ideal é que a população mais
pobre pagasse menos impostos. Quando o tributo é relacionado no consumo isso acaba
sendo o contrário. A forma de tributação faz uma distribuição de renda ao
contrário, tirando dos pobres e mandando para os ricos”.
Comentários
Postar um comentário