02/08/2014 - TRIPÉ ECONÔMICO QUEBRADO




O Plano Real implantou em 1994 reforma monetária, o que propiciou aos governos seguintes exercerem a política econômica baseada no tripé de controle da inflação, câmbio flutuante, sujeito à intervenção do Banco Central (BC), e superávit fiscal. Fernando Henrique Cardoso (FHC) exerceu dois mandatos (1995-2002), fixando no seu segundo exercício o sistema de metas de inflação, seguido até hoje, mantendo a intervenção do BC no câmbio, quando este fugir da normalidade de mercado, além de superávit do Tesouro para pagar pelo menos os juros da dívida. A taxa média de incremento do PIB em seus oito anos foi de 2,3%. Lula (2003-2010) manteve melhor ainda o tripé, mediante obtenção de taxa média de crescimento do PIB, também em oito anos, de 4% anuais. Dilma Rousseff (2011-2014) quebrou o referido tripé.

Em primeiro lugar, justamente a peça principal, o combate inflacionário, levou a que o preço da negligência com a inflação resultasse em baixo crescimento, o qual vem obtendo a presidente Dilma. Na verdade, ela veladamente interferiu no Banco Central, que deixou de ser independente, conforme tinha sido com Lula (não foi com FHC), ao insistir com o rebaixamento rápido das taxas básicas de juros, chocando os investidores, que também se depararam com a má gestão da economia, produzindo uma inflação renitente e um crescimento pífio. Assim, por exemplo, a inflação de março de 2013 alcançou 0,92%, anualizada alcançou 6,59%; em junho de 2013, a inflação anualizada ficou em 6,7%; em junho de 2014, anualizada, chegou a 6,52%. Três momentos nos quais a inflação superou o centro da meta (4,5%), mais o viés de alta (2%). Quer dizer, o governo de Dilma operou a inflação muito acima do centro da meta, mais próximo do teto de 6,5%, tendo-o estourado algumas vezes, como está agora. O governo foi relapso, visto que não conseguiu baixar a inflação em quase quatro anos, mesmo com controle dos preços administrados, que ficaram, por exemplo, em 1,5% em 2013. Em viagem à África do Sul, em 2013, a presidente Dilma disse: “Esse receituário que quer matar doente, em vez de curar a doença é complicado. Não vou acabar com o crescimento do País. Isso eu acho que é uma política superada”. Teimando em baixar juros básicos na marra, conforme fez, até trazê-los a 7,25%, em abril de 2013, quando deveriam ser juros de mercado. Vendo seu erro, voltou atrás, em elevar os juros, hoje na casa de 11%. O tiro saiu pela culatra. Mesmo quando baixava os juros a economia retroagiu. A confiança dos capitalistas despencou.

Em segundo lugar, o câmbio flutuante está muito valorizado, em cerca de 33%, levando à industria manufatureira à longa recessão no seu governo.

Em terceiro lugar, as contas do setor público no primeiro semestre de 2014 revelaram um superávit primário equivalente a 1,36% do PIB (em doze meses), quando a promessa é de 1,8%, que já vinha sendo rebaixado e fora fixado muito baixo, para pagar pequena parte dos juros da dívida pública e rolar o principal dela. É bom frisar que, tanto como FHC como com Lula o superávit fiscal era fixado acima de 3% do PIB. Em anos anteriores chegou até acima de 4% do PIB. Restando lembrar que, de 2011 a 2013, o governo Dilma maquiou as contas públicas, através da contabilidade “criativa”, antecipando recebimento de dividendos de empresas estatais, para gerar maior superávit fiscal, tendo provocado críticas ater ao nível internacional, pelo uso de práticas contábeis nada convencionais.

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