13/08/2014 - LADEIRA ABAIXO




Pela décima primeira vez os 100 especialistas ouvidos pela pesquisa semanal Focus, do Banco Central, reduziram a projeção do crescimento do PIB para 2014, agora em 0,81%. O IBGE continua retardando a divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre de 2014, prometido para o dia 29 passado. Já argumentava ontem, em sua tradicional coluna, Benjamin Steinbruch, na Folha de São Paulo: “O Brasil precisa de decisões corajosas para voltar a crescer. Algumas reformas já sugeridas à exaustão são urgentes, inclusive de pensamento. Não se pode insistir na ortodoxia, que leva à paralisia”. Ontem mesmo, a pesquisa da rede de comunicações Bandeirantes mostrou que a presidente Dilma, com 51% das intenções de voto, poderá ganhar no primeiro turno. Ora, aí é que ela não se mexerá como deveria e a letargia muito provavelmente continuará. 

O próprio Benjamin chamou atenção para um fato curioso: “Faço aqui um parênteses para observar que pouco destaque vem sendo dado no Brasil à deflação ocorrida nos últimos três meses nos IGPs (Índice Geral de Preços) da FGV. Apenas algumas notas de pé de página têm sido publicadas. O IGP, que já foi índice oficial no País, reflete mais pesadamente os preços no atacado (60% do que no varejo. Um desses índices, o IGP-DI, teve quedas de  0,45% em maio, 0,63% em junho e 0,55% em julho. Os especialistas entendem que há uma forte convergência dos índices de preços ao longo do tempo, ou seja, eles tendem a apresentar variações semelhantes no médio prazo. A tendência que se verifica nos preços ao produtor (atacado) em geral chega ao consumidor (varejo) com defasagem de alguns meses. Isso pode ser uma boa notícia para o índice de inflação oficial, o IPCA, que apura a variação de preços no varejo. Em julho, o IPCA foi praticamente zero. Teve uma minúscula alta de 0,01%. Essas quedas poderiam ser comemoradas se não fossem um reflexo assustador da fraqueza da indústria, no caso dos IGPs, e da redução do consumo, no caso do IPCA”.

Em suma, até o fato auspicioso que é a inflação está mostrando recuo, a partir de julho, perante uma gestão econômica inerte, bem como as ameaças de aumento da taxa de desemprego, não levam à perspectiva de retomada em curto prazo de uma taxa de crescimento do PIB, que supere a estagnação atual.

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