07/12/2013 - DÉFICIT PREVIDÊNCIA
Depois dos juros da dívida que têm
que ser pagos, atingindo mais de 40% do orçamento público, a conta da
Previdência Social vem em seguida, aproximando-se de 30% dos gastos federais. O
orçamento governamental tem de um lado os gastos (ativos) e do outro lado as
receitas (passivos). Os ingressos previdenciários representam 25% das receitas
globais. Face ao exposto, as pressões de caixa são enormes em relação aos
pagamentos que a União realiza pelos seus gastos correntes, restando muito
pouco para investimentos.
Olhando-se para outras possíveis
fontes previdenciárias, verifica-se que há uma série de vazamentos, passivos em
aberto ou benesses concedidas, que geram déficits na Previdência Social. Primeiro,
a União desconta dos servidores, mas não recolhe. Na verdade, ela nunca pagou a
contribuição previdenciária, argumentando que o dinheiro fica no cofre.
Segundo, existem renúncias fiscais para o sistema Simples, entidades
filantrópicas, exportações de produção rural, tecnologia da informação e da
comunicação, copa do mundo, microempreendedor individual, indústrias têxteis,
de confecções, artefatos de couro e calçados. Terceiro, a recuperação de
créditos de devedores da Previdência, conforme dados do DATANASPS, centro de
informes previdenciários, há um passivo em aberto de R$500 bilhões. A cobrança
dessa dívida consolidada é inexpressiva, cerca de 2%. Quarto, a desoneração da
folha de pagamentos de vários segmentos empresariais, que enfrentam flutuações
cíclicas de abalo, é forte baque na arrecadação. Quinto, existem as
transferências de recursos do COFINS/PSSS, COFINS/LOAS, COFINS/EPU, Record
COFINS e da CSLL, para cobrir inúmeros
benefícios sociais, assistenciais e de encargos previdenciários da União.
Sexto, o refinanciamento de débitos, o REFIS, além de um conjunto de renúncias,
sonegação, desoneração, prorrogação de prazos. A conta das citadas
transferências, calculadas pela DATANASPS chega ao déficit de R$351 bilhões,
para o período de 2004 a 2012.
De todos os problemas acima
relatados o maior é o REFIS, refinanciamento de dívidas, que pode ser feito
anualmente, bem como de forma recalculada, cujos prazos alcançam 20 anos.
Algumas grandes empresas rolam, enrolam e pagam muito pouco o que deveriam. Na
verdade, aquelas empresas que são pegas ou que espontaneamente se apresentam,
podem gozar dos benefícios do REFIS. Uma janela aberta para a sonegação. Um
desrespeito para com 98% das empresas brasileiras que pagam em dia. Aquelas
outras são beneficiadas com a rolagem sem fim de recolhimentos, os quais teriam
que ser efetuados no presente. Referidas entidades quase sempre são mal
administradas, tais como clubes de futebol, confederações, federações, Estados,
municípios, autarquias, fundações, faculdades, colégios, dentre outras. Enfim,
uma elite de caloteiros nacionais.
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