03/12/2013 - VACILOS


 

Quem acompanha atentamente a condução da política econômica percebe o zigue zague das ideias do governo, em geral. Existem vários exemplos com respeito à dívida pública e na área da infraestrutura. No momento em que o aperto monetário leva à moderação geral no ciclo de expansão do crédito bancário, o segmento de financiamentos ao setor público vive um período de exuberância, o maior em dez anos. Houve afrouxamento nos limites de endividamento, havendo o estoque de crédito para Estados e Municípios se elevado em 62% nos últimos doze meses. As regras para as concessões de ferrovias já mudaram várias vezes. Nenhum leilão foi realizado. A malha ferroviária é extremamente deficitária. Nos portos, permanece a mesma coisa. Isto é, a intenção de privatizar deixa os executivos do segmento confusos para entender as regras. Nos aeroportos, as críticas às privatizações foram grandes. Entre 60 deles somente cinco foram levados a leilão. Enfim, o governo encara com reservas as tão necessárias parcerias público-privadas e afugenta os investimentos privados ao colocar regras demais.
Quanto à política monetária, o Banco Central afirma que a meta da inflação é de 4,5%. A presidente coloca no Twitter que é de 6,5%, passando a considerar a meta de 4,5% mais o viés de alta de 2%. Já a taxa de juros básica (a SELIC) foi manipulada para cair ao nível dos países civilizados, descendo de dois dígitos para um dígito. A inflação ameaçou ultrapassar a casa dos 6% anuais. A União voltou a elevar a SELIC seis vezes e está já está em dois dígitos (10%).
Quanto à política fiscal, a equipe econômica desonerou a linha branca de eletrodomésticos, materiais de construção e a venda de automóveis. Retirou paulatinamente os incentivos fiscais. No entanto, já estuda o retorno de desonerações em 2014. Ademais, não promove incentivos para todos os segmentos produtivos, discrimina, somente escolhendo alguns segmentos, o que tem gerado desconfiança dos empresários em investir.
Quanto à política cambial, manteve o câmbio flutuante, mas com intervenção do Banco Central, comprando ou vendendo, para ter um câmbio apreciado. A reclamação da indústria é de que segmentos inteiros estavam sucumbindo perante a falta de competitividade nacional, mediante câmbio valorizado. Neste ano o real se desvalorizou por volta de 20%. Mesmo assim a indústria não se expandiu e até recuou em certas áreas. Em outras áreas industriais permaneceu como estava.
A política econômica da presidente Dilma deu segmento ao legado de Lula, mas, vacila. Isso gera desconfiança empresarial. O investimento caiu e o PIB ficou por volta de 2% nestes três anos de governo e o próximo ano parece que não será diferente.

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