14/02/2013 - GRANDIOSA E CARA
Na década de 1970, no auge do
chamado “milagre brasileiro”, quando a economia nacional cresceu a taxas acima
de 10% ao ano, os governos dos militares decidiram construir a ponte Rio de
Janeiro-Niterói, que tem 13,3 quilômetros, sendo a maior já construída no País.
O valor atualizado daquela obra, pela equipe da revista Isto é, datada de
ontem, alcança R$5 bilhões, no ano da sua inauguração. De forma semelhante, o
governador da Bahia, por três vezes, duas vezes escolhido pelos militares e uma
eleito pelo voto popular, Antônio Carlos Magalhães, acalentou a possibilidade
de construir a ponte Salvador-Itaparica, obra que teria a extensão de 11,7
quilômetros. Porém, seus mandatos não foram sequenciados e somente ficou a
ideia. O governador Jacques Vagner, na campanha da reeleição, retomou o sonho
da referida ponte. Mais da metade do seu segundo mandato já se passou, tendo
contratado a consultoria internacional McKinsey & Company, sem licitação,
para realizar o projeto da obra e nisso gastou R$40 milhões. Quando na campanha
a obra custaria R$2 bilhões. Agora a estimativa é de R$7,4 bilhões, subiu 270% (um
absurdo, para tão pouco tempo, de dois anos de projeto) e está sendo
considerada uma das mais caras do mundo. Somente para efeito de comparação, o
orçamento anual da terceira maior cidade do Brasil, Salvador, é de R$3 bilhões.
A ponte vai custar quase 2,5 orçamentos. Consoante projeto teria 27 metros de
largura, seis pistas, divididas no nos sentidos Salvador-Itaparica. Se o
governo da Bahia cumprir o cronograma e lançar o edital no próximo ano, a ponte
será entregue em 2018. Logo, no final de outro mandato, de outro governador. Ora,
se no governo de oito anos, a obra somente poderá iniciar no oitavo ano, é de imaginar-se
que o projeto contratado poderá ficar no papel, ou sofrerá atrasos, comum m
obras públicas no País, as quais quase sempre sobre altas majorações.
Ademais, a experiência
internacional demonstra que é possível gastar muito menos do que a citada ponte.
Na China, a inigualável obra de 41,5 quilômetros de extensão, sobre a baia de
Jandhou, concluída em 2011, custou o equivalente a R$3,5 bilhões.
O escritor João Ubaldo Ribeiro,
da Academia Brasileira de Letras, que nasceu na ilha de Itaparica, é contra o
projeto: “Esse progresso é na verdade uma face do nosso atraso. Atraso que
transmutará Itaparica num ponto de autopista, entre resorts, campos de golpe e
condomínios de veranistas, uma patética Miami de pobre”, segundo ele.
Sem dúvida que o valor da obra
está superdimensionado. Haverá muitas questões com os órgãos de fiscalização,
sendo a obra citada de difícil concretização.
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