09/02/2013 - AMBIGUIDADES DA POLÍTICA ECONÔMICA
As políticas econômicas
de que se tem servido o governo federal são basicamente ortodoxas. Monetária,
cambial, fiscal. Nisto é igual ao governo de FHC. As demais políticas
econômicas são tópicas, conforme se comentará no segundo parágrafo. A monetária
consiste em ter meta de inflação, desde 1999. No entanto, desde 2009 que a
inflação se comporta acima de 5% ao ano. Nos dois últimos anos chegou a passar
de 6% e agora se encontra por volta de 6%. Isto é, a meta é de 4,5% mais viés
para cima de 2% ou para baixo de 2%. Na verdade, só tem ocorrido viés para c
ima. Em 2011, fechou em 6,5%. Em 2012, por volta de 6%. Em janeiro deste ano a
inflação alcançou mais de 0,8%, sinalizando que poderá continuar acima de 6%
anuais. A política cambial é de todas as
políticas a mais ambígua. Por longo tempo o câmbio esteve muito valorizado e
ainda está, prejudicando o segmento exportador, que tem recebido menos receitas
na troca de divisas por reais. Não sem motivo, o produto industrial do ano
passado recuou mais de 2%. Mesmo em 2012, tendo havido uma valorização do real
em torno de 10%, mas ainda assim ele fechou o ano valorizado 30% em relação ao
dólar. Logo, atingiu um pico de R$2,13, o exportador agradeceu. Em pouco tempo,
o Banco Central entrou comprando dólar e este caiu até R$1,95. Quer dizer, uma
pancada no cravo outra na ferradura. Não há muitos que confiem nessas ações. A
política fiscal elegeu paulatinamente 42 segmentos produtivos, sem especificar
as razões das escolhas, para receber benefícios de redução de tributos e de
desoneração da folha de pagamentos. A redução de tributos foi por tempo
limitado e já começaram a subir aos poucos os tributos para as etapas
anteriores. Referida tríade política não soa consistente e assim o governo não
gera a confiança empresarial que almeja para o País crescer por volta de 4%
anuas.
As demais políticas
econômicas assistencialistas são basicamente assistencialistas, não emancipando
o beneficiário de uma forma em geral, o que seria desejável e eficaz. Os
leilões de infraestrutura criam normas atrapalhadas e novas estatais para
regular a parceria público-privada. Tais leilões são poucos e de forte interferência
governamental. Ademais, conforme exposto ontem, o BNDES escolhe empresas para
serem mais fortes, visando competir no mercado internacional, mas também
produzindo para o segmento doméstico. Resultado: discrimina muitos empresários,
ao privilegiar alguns, além deles venderem mais caro do que se fossem
competitivos. Como oligopólios e oligopsônios não são.
Em suma, está difícil
convencer os empresários a investir, sem um planejamento econômico consistente
e de cumprir as promessas de reformas econômicas feitas na campanha eleitoral.
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