05/02/2013 - INVESTIMENTO E CICLO
Teoricamente, o investimento
público é o respaldo do investimento privado. Isto é, o primeiro investimento é
em infraestrutura, estradas, portos, aeroportos, energia, transportes, dentre
outros. Ele provoca o efeito multiplicador econômico. Já o investimento privado
é realizado basicamente nas empresas, acelerando o crescimento econômico. Esta
fase do ciclo econômico é chamada pró-cíclica. Quando os investimentos se
reduzem a economia pode ter crescimento baixo, chegar à estagnação ou recessão
ou crise. Saindo do fundo do poço, a fase é chamada de anticíclica. A questão,
portanto, envolve coerência entre o efeito do multiplicador e o efeito do
acelerador.
No Brasil, a estabilidade da
economia, conquistada desde 1994, nunca provocou grande investimento público,
quando se compara os percentuais do referido investimento com os países
emergentes chamados de BRICS. Aqui, o governo precisa fazer grande superávit
primário, que é a soma de recursos que o governo economiza para pagar parte dos
juros da dívida pública, herança desde a etapa imperial, quando Portugal
transferiu para cá sua dívida com a Inglaterra, além das dívidas brasileiras com
os ingleses das guerras da independência. Nunca foi liquidada e sempre foi
rolada e sempre crescente.
Na atualidade, o orçamento de
2012 previa pagamentos de juros de R$97 bilhões. Em operação embolada de compra
e venda de papéis entre a Petrobras e o BNDES, mais a inclusão de obras do PAC
e dividendos antecipados da Caixa Econômica Federal, a conta fechou em R$88
bilhões. Isto gerou críticas internas, por exemplo, chamada pelo aliado Antônio
Delfim Netto, de deplorável alquimia, além de internacionais, chamada pelo
Financial Times, de ‘jeitinho’ brasileiro. Se todos os juros referidos fossem
pagos estariam em R$150 bilhões.
O fato é que tal manobra deixa
cautelosos empresários para investirem, dentre outras promessas de reformas, além
do que, no curto prazo, o investimento público pode levar a baixo crescimento
ou até a recessão, na medida em que as empresas reduzem a escala de produção,
transferindo recursos para o futuro, quando poderão beneficiar-se de maior
quantidade de capital público. Os atrasos nas obras do PAC são também
negativos. Enfim, o governo atual tem que voltar a ter a confiança empresarial
e ser eficiente nos investimentos públicos.
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