22/11/2012 - ENTRAVES DO CRESCIMENTO




É sabido que um país cresce de forma sustentada baseado em três causas: a expansão dos investimentos, a incorporação crescente de mão de obra e o incremento da produtividade. Países na América Latina, tais como o Chile, a Colômbia e o Peru, conhecidos exportadores de commodities, como é o Brasil, crescem até três vezes o que o Brasil tem operado. Todos eles fizeram as reformas estruturais. O Brasil teima em não fazê-las, embora tenha prometido, desde a estabilização da economia. Vendo a primeira causa, a expansão do investimento, aqui existe um gargalo há mais de três décadas, pela incapacidade de elevar a poupança nacional. O modelo brasileiro é de estimular o consumo. Na atualidade, o Brasil vem se defendendo desde 2008-2009, via incentivos ao endividamento e ao consumo. Ora, ambas as formas levam a baixa capacidade de poupar. A segunda causa, a incorporação crescente de mão de obra está chegando ao seu limite. No início do século XXI, o desemprego era maior do que 10% da população economicamente ativa, hoje estando em direção a 5%. Referida taxa é bem próxima daquela taxa historicamente observada em países capitalistas avançados, visto que o capitalismo sempre teve um pequeno nível de desemprego, o chamado desemprego fricativo. A terceira causa é o incremento da produtividade, o que explica algo como 80% do progresso em nações com baixo desemprego, no Brasil, prescinde da educação. Ora, a educação brasileira, em geral, é muito deficiente. Ainda que o Brasil gaste 10% do PIB, de forma crescente, saindo dos atuais 5%, em cinco anos, é pouco provável que se resolva o problema em menos de uma geração, de 20 anos.
O diretor executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, Norman Gall, baseado em São Paulo há 35 anos, em entrevista das páginas amarelas da revista Veja, datada de 14-11-2012, perguntado: “Por que o Brasil está crescendo em ritmo tão lento quanto o de economias fortemente impactadas pela crise financeira mundial¿” Ele respondeu: “Apesar de não ter sido diretamente atingido pela crise, o Brasil padece de vulnerabilidades que também custaram caro aos Estados Unidos e à Espanha nestes anos: incentivo exagerado ao consumo, pouco investimento, produtividade estagnada e um pesado endividamento por parte das famílias, que estão com 25%, 30% de sua renda comprometida com empréstimos. E o governo continua criando formas de incentivá-las a consumir ainda mais, quando deveria, isto sim, promover a poupança e mais investimentos.”
À luz dos fatos, o dinamismo da primeira década deste século perdeu força e provavelmente não volte tão cedo se não forem feitas as citadas reformas estruturais.

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