04/11/2012 - INJUSTA TRIBUTAÇÃO
A carga tributária
brasileira é uma das maiores do mundo. Isto é, equivale a 36% sobre o PIB. A
prometida reforma tributária não é consenso no Congresso. Na verdade, as
reformas tributárias feitas no Brasil aconteceram em regime político
ditatorial. A própria Constituição em vigor, de 1988, manteve a estrutura que
veio do regime militar, havendo poucos aperfeiçoamentos. Da carga tributária
total, 48% são impostos indiretos, 22% correspondem a imposto sobre a renda,
21% são calculados nas folhas de pagamento e 4% se constituem de tributação
sobre o patrimônio. Pelo exposto, os tributos indiretos incidem sobre o
consumo. Diferentemente, dos Estados Unidos, onde o consumidor paga o preço
mais a taxa, no Brasil, a taxa é escondida. O deficiente nível educacional do
brasileiro, em sua maioria, não provoca no consumidor a exigência de saber essa
taxa. O próprio vendedor a esconde. Até hoje não foi aprovado no Congresso que
se explicite o imposto sobre o consumo. Nem o governo federal está interessado
nisto, para não perder receita.
O fato é que a
tributação brasileira é reconhecidamente regressiva. A incidência de impostos
sobre o capital é mais branda do que sobre o trabalho, assim como o indivíduo
de baixa renda paga mais tributo relativamente do que o rico. Por exemplo, o
imposto de renda não incide sobre lucros e dividendos recebidos por sócios e
acionistas de empresas. Já sobre salários eles são tributados em três faixas,
que vão de 15% a 27,5%. Os ganhos obtidos na bolsa de valores até R$20 mil
estão isentos de imposto de renda. No entanto os trabalhadores pagam em seu
contracheque, isto é, na fonte o IRPF, a partir de R$1.566,61. O Imposto sobre
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) incide sobre automóveis de todos os
tipos, mais as motocicletas. Agora quem tem navio, barco, lancha,
transatlântico, avião, jatinho, helicóptero não paga IPVA. Estudo dos anos de
1970, do economista e político muito conhecido dos brasileiros, José Serra, já
apontava que os impostos indiretos sobre o consumo, em sua maioria, ultrapassam
os dois dígitos, mas os serviços estão quase sempre abaixo deles, sendo a
maioria dos serviços taxados por volta de 5%. O grande entrave no poder
legislativo é o conjunto de interesses das bancadas estaduais, visto que está
em curso há décadas a chamada guerra fiscal. Enfim, somente uma iniciativa
popular, com o apoio de formadores de opinião, passeatas e outras
manifestações, tipo a que levou a lei da ficha limpa, mas com muito mais
signatários poderá prosperar no Congresso. A questão é que tal mobilidade ainda
não foi tentada.
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