23/05/2012 - POUPANÇA NEGATIVA


Incrível, mas quem tem mais dinheiro, o governo federal, tem poupança negativa. Não é difícil perceber isto, mesmo sem os grandes números. A peça contábil das finanças públicas tem, de um lado, as receitas, oriundas dos tributos, hoje em sufocantes 36% do PIB, o que denota pouca mobilidade de dinheiro em direção à produção. De outro lado, os gastos públicos, dirigidos para 39 ministérios, pagamento de mais de um milhão de funcionários públicos, máquina burocrática, onerosa, deficiente, além de braço eivado de corrupção, conforme milhares de processos correndo na Polícia Federal, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, dos Estados, dos Municípios, justiça de primeira entrância, na justiça de desembargadores, dos tribunais estaduais, tribunais federais, Supremo Tribunal de Justiça e Supremo tribunal Federal. Não bastasse tão grande embrulho, cerca da metade do dinheiro é dirigido para manter o grau de confiança do governo por parte dos credores da dívida pública. Isto é, para pagamento de juros, despesas, comissões e para rolagem de parte do principal. O saldo é negativo do balanço das finanças públicas. Para fechar o buraco a União tem que tomar mais empréstimos, até mesmo para realizar investimentos. Logo, o investimento não consegue passar por mais de 1% do PIB. Insuficiente para reforçar a poupança privada, por volta de 14% a 15% do PIB, mais a poupança externa, por volta de 2% do PIB. A poupança total não passa de 18% nos últimos anos, insuficiente para crescer acima de 3% anuais. Por isso mesmo, o Brasil tem que praticar os juros da dívida pública dos mais altos do mundo.

Referido engavetamento neste ano foi agravado pelo elevadíssimo reajuste do salário mínimo, logo em janeiro, de 14,1%, com grandes repercussões no déficit previdenciário, além dos aumentos dos servidores do Legislativo e do Judiciário. Quanto ao Executivo, o reajuste vem sendo segurado desde o ano passado. Porém, agora em maio, foi reajustado em 4%. Insatisfeitos, os professores federais deflagraram crescente greve nacional. Ao nível dos 27 Estados e dos 5.565 Municípios, as reivindicações são por mais recursos e pela rolagem das suas dívidas. Não bastasse o complexo acima, os ventos contagiantes da crise econômica mundial chegaram fortes na economia doméstica.

Não sabendo como mexer nesse castelo de cartas, o governo federal lançou uma campanha pela redução dos juros dos bancos federais e bancos privados. Os endereços certos são de reduzir o custo da dívida pública e incentivar o consumo das famílias. Ademais, acrescentaram pacote temporário de redução de IPI, para veículos leves e pesados, além de redução do IOF, ambas as medidas também em direção da saída pela elevação do consumo familiar. Citado agregado de consumo está acima de 60% do PIB, no mar de aumento da inadimplência, a maior nos últimos dez anos, segundo a SERASA. Em resumo, baixo crescimento do PIB, por volta de 3% e austeridade nos gastos governamentais e nos investimentos públicos.  

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