20/05/2012 - CONTÁGIO FINANCEIRO


O Brasil começou neste mês a receber o contágio do terceiro mergulho da crise econômica mundial, iniciada nos Estados Unidos, em setembro de 2008, irradiada pelo mundo todo, sendo sentida no Brasil principalmente em 2009, quando a economia recuou – 0,3%. Na época o presidente Lula disse que era uma ‘marolinha’. A economia brasileira se recuperou brilhantemente em 2010, crescendo 7,5%. Porém, sentiu os reflexos da crise internacional em 2011, no segundo mergulho dela, crescendo 2,7%, em 2011. As autoridades econômicas, acreditando que o Brasil iria deslanchar em 2012, de repente, agora em maio, está começando a sentir os efeitos do terceiro mergulho da crise mundial, neste mês muito sentida por toda a Europa, quando os Estados Unidos estavam mostrando sinais de recuperação, para capitanear novo ciclo de prosperidade, haja vista que os cinco anos de recessão deveriam se acabar.

O contágio da situação européia se intensificou na medida em que o crédito externo parou completamente para as empresas em território nacional em maio. No final de abril, após o fechamento de captações externas realizadas pela Braskem e pelo Banco do Nordeste, no total de US$800 milhões, nenhuma outra sociedade se arriscou a lançar captações internacionais. Está havendo uma elevação da aversão ao risco, a partir do momento em que o dólar atingiu agora a marca de R$2,00, acentuando a saída de investidores. Até sexta feira, dia 18 de maio, a BOVESPA tinha recuado 12,6% no mês e mais de 2% no ano, ela que chegou a ter lucros de até 20% em abril. A cautela é a palavra de ordem.

Em razão da perda do valor do real, embora este ainda continue muito valorizado, em relação ao lançamento do Plano Real, em 1994, os investidores começaram a preocupar-se com os endividamentos das companhias, visto que as grandes empresas têm parte significativa das dívidas em moeda estrangeira, o que levará a um impacto substantivo nos balanços, quando forem convertidos dólares em reais pelo câmbio do fim do trimestre.

O jornal Valor Econômico deste fim de semana, através da sua empresa de pesquisa, a Valor Data, consultou 238 demonstrações contábeis do primeiro trimestre, mostrando elevação de quase 50% na dívida financeira líquida das companhias negociadas em bolsa, em doze meses. No geral, as grandes empresas estão capitalizadas, em razão de terem recorrido ao crédito externo em mais de US$27 bilhões, em quatro meses. Enfim, as janelas de oportunidades de inversões estão mais curtas e caras, o que também vai em direção ao menor crescimento anual, por volta de 3% neste exercício, em relação ao previsto pelo governo, acima de 4%.





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