07/05/2012 - POUPANÇA MEXIDA
A população chama a caderneta de
poupança, criada durante o império de Dom Pedro II de simplesmente poupança.
Existem mais de 100 milhões de cadernetas, muito mais de 50% da população de
192 milhões, estimada pelo IBGE para 2011. Na história brasileira os índices de
correção monetária foram muitas vezes manipulados, mas os juros sempre foram
fixos. O mandatário mais audaz do País, Fernando Collor, realizou em 1990, o
maior confisco da história, deixando o brasileiro atônito. Tratou-se do
primeiro presidente eleito depois de 21 anos de ditadura militar, a qual não
teve a coragem de confiscá-la. Mas, Collor congelou por 24 meses a poupança e a
devolveu em 12 parcelas, após os 24 meses referidos. Acredita-se que, além do
confisco, o seu governo também manipulou as taxas de correção da sua
remuneração.
Depois de Collor, 22 anos atrás,
a população ficou traumatizada e não pode nem ouvir falar em mudar regras da
poupança. Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luis Ignácio da Silva,
tentaram mais não mexeram na poupança. Isto porque, se a poupança ficar com um
baixo rendimento, a população irá dedicar-se mais ao consumo, o que certamente
baixará a taxa global de poupança sobre o PIB, que já baixa, por volta de 18%. O
fato é que, os juros de 6% ao ano, mais a inexpressiva Taxa Referencial (TR),
por volta de zero, não tem incidência de imposto de renda e é assegurada até
R$70.000,00, pelo Fundo Garantidor de Crédito. Mediante a queda da taxa básica
de juros, a SELIC, agora por volta de 9%, os fundos de renda fixa e
assemelhados estão rendendo próximo da remuneração da poupança, alguns deles
têm rendimento até menor. Sabe o governo que o maior crescimento da economia
depende da menor taxa de juros. No entanto, o mais sufocante é que metade do
orçamento público anual se destina a pagar os juros da dívida e amortizações.
Hoje a dívida pública é rodada a cada 3,5 anos. O governo está engessado por
ela. Dessa forma, para ter-se crescimento econômico virtuoso é preciso ter
menores taxas internas de juros. Afinal, no mundo desenvolvido elas são
negativas (menor do que a inflação local), situando-se até 2% da taxa básica.
O desafio da presidente Dilma é
trabalhar com a redução dos juros. Antes de ir em direção à poupança. Ela
passou um mês reclamando das elevadíssimas taxas de juros dos bancos, mandando
os bancos oficiais a baixá-las consideravelmente, esperando o acompanhamento da
rede bancária privada. As pressões tem sido grandes e os bancos particulares
começaram a ceder paulatinamente. Depois de um mês, nessa cantilena, a
presidente Dilma emitiu medida provisória para as novas cadernetas de poupança,
ou os novos depósitos, ambos seriam outras formas de poupança na mesma
caderneta, a partir do dia 4 deste mês, tendo remuneração de 70% da taxa SELIC,
mais TR, sem incidência de imposto de renda, mas somente se a SELIC baixar para
8,5% ou menos. Trata-se de medida impopular. Teve coragem a presidente Dilma.
Afinal, 70% de 8,5% correspondem a 5,95%, abaixo de 6%, não tanto, mas, se a
SELIC cair muito, afetará a poupança de forma substancial. Porém, tal impacto
será medido nos próximos meses, bem como se a popularidade estimada da
presidente se ficará em 64% dos brasileiros.
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