27/11/2019 - JOGO DE MOEDAS
Na verdade, existe um jogo binário em cada país da moeda
local com a moeda de referência internacional, o dólar norte-americano. Quando
um ministro da economia se refere a uma posição de como ficará tal relação,
existe um reposicionamento dos atores econômicos. Por isso, não é recomendável ele
referir-se a que a moeda nacional ficará apreciada ou não. Ou seja, deveria
referir-se a que as duas moedas atingem o equilíbrio nas relações diárias de
mercado monetário. Ontem, Paulo Guedes referiu-se a que a política cambial poderá
deixar o dólar acima de R$4,00, por certo tempo, enquanto o presidente da
República se referiu ao fato de querer um dólar abaixo de R$4,00. Em
decorrência disso, o dólar alcançou R$4,27, fazendo com que o Banco Central
vendesse moeda, por duas vezes, durante o dia de ontem, para que o dólar
fechasse a R$4,24, havendo ainda compradores da moeda estrangeira.
O que está acontecendo mesmo? Há um novo mercado financeiro
no Brasil, onde havia por décadas seguidas, alto ganho real de aplicações financeiras,
atraindo o capital internacional investidor, de forma especulativa, no qual se
praticam taxas de juros bem baixas e, até negativas, conforme acontece com
negociações nos títulos do Tesouro Direto NTN-B, que paga IPCA mais juros.
Juros pequenos, com IPCA, visto que existe incidência do imposto de renda sobre
rendimentos da espécie.
O reposicionamento dos atores econômicos desestabiliza as
estimativas de crescimento e de investimento. A taxa básica de juros, a SELIC,
está em 5% ao ano, com promessa de reduzir-se na última reunião do ano do
COPOM, para 4,5%. Analistas já estão prevendo que não haverá reduções da SELIC
em 2020. Existem até analistas de que a taxa ficará neste ano em 5%. Caso a
inflação recrudesça, em hipótese remota, poderá voltar a subir.
O Brasil neste século acumulou reservas internacionais que
chegaram até US$380 bilhões. Porem, a saída de dólares as colocou ainda em
posição confortável, no nível de US$270 bilhões. Se não houvesse reservas no
atual nível, provavelmente o País ingressaria em colapso financeiro e
recorreria ao FMI, conforme aconteceu em períodos de tempo passado.
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