19/11/2019 - CONTABILIDADE COM O EXTERIOR




O documento que prepara o Banco Central (BC) mensalmente é o balanço de pagamentos (e de recebimentos) do Brasil com os demais países com quem faz negócios. Este balanço é composto de uma balança comercial (exportações menos importações), de uma balança de serviços do capital e de serviços comuns. Juntos, sempre representaram o balanço de transações correntes, o qual sempre apresentou déficit final, tendo em vista o País ter sido colonizado por Portugal, quando assumiu sua dívida externa e pagou as despesas de guerra à Inglaterra. O muito ruim era quando a balança de comércio era negativa, coisa que deixou de fazer neste século, mais o vermelho continua “eterno” dos serviços. Isto porque se precisa de muito mais dinheiro para fechar os pagamentos com a balança de capitais. Há quase vinte anos que o Brasil acumula um estoque de reservas internacionais superiores a US$380 bilhões, o que não lhe deixa vulnerável como nos séculos anteriores, desde 1822.

Em editorial de hoje a Folha de São Paulo, intitulado “No vermelho. Alta do déficit em transações em bens e serviços com o exterior preocupa, mas não é necessariamente ruim”. Nos 12 meses, encerrados em setembro, o BC apresenta um déficit nas transações internacionais de US$37,4 bilhões. Isto é, 10% das reservas acima ou 2,1% do PIB. Perante 2018, o déficit cresceu 70%. O saldo de comércio, entretanto foi positivo em 10 meses do ano em US$34,8 bilhões, recuando 26,7%, em relação ao mesmo período de 2018. “A tendência merece atenção. Na prática o País tem vendido menos e a mudança nos critérios de contabilidade mostra que pagamos mais juros e dividendos para estrangeiros do que se acreditava”, conforme a Folha.

Ora, neste ano, a guerra comercial dos Estados Unidos com a China desacelerou o ritmo de crescimento do comércio internacional. Ambos os países são os maiores parceiros comerciais brasileiros. Por seu turno, a valorização do dólar dificultou exportações e encareceu importações. No entanto, o propalado programa de concessões e de privatizações poderá atrair, conforme tem demonstrado interesse os chineses, principalmente nos leilões de infraestrutura em São Paulo, fazendo ingressar mais capitais e reverter à tendência de maior déficit. Em suma, a situação é preocupante, mas não é vexatória como fora no passado, ao ponto do Brasil ter recorrido algumas vezes ao FMI, para tomar empréstimos de fechamento de contas.

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