06/07/2019 - GUERRA SURDA
O Brasil é uma República Federativa desde 1889. Nisto há
consenso nacional. No entanto, há fortes divergências regionais, no que tange
ao capitalismo. Há 26 Estados concorrentes entre si para atrair investimentos produtivos.
Por seu turno, Brasília concorre por inversões em serviços, tais como os da
mídia e de apoio à máquina pública federal. Não se pense que é pouco. Atualmente,
Brasília ultrapassou Salvador em população, sendo a terceira cidade mais populosa,
atrás de Rio de Janeiro e São Paulo. A ideia de concorrência é salutar. Porém,
esta é impura e pode chegar a uma guerra. Os maiores exemplos vêm das questões
dos benefícios fiscais, cambiais, financeiros e materiais. A unidade federativa
que oferecer mais incentivos leva os projetos de investimentos. Briga é longa e surda. Envolve políticos, lobismos,
subornos, propinas e outras artimanhas.
Não sem motivo São Paulo é o Estado que atrai mais
investimentos. Os paulistas são ávidos em atraí-los. As grandes montadoras de automóveis
foram principalmente para lá pelos benefícios recebidos e pelas proximidades de
mercados de insumos e de consumidores. Todas as unidades federativas partem
para a briga. Uma delas mais conhecida é a questão do ICMS. Quem dá mais leva
mais. O governo de qualquer Estado fica arquitetando como atrair empresas.
Também não sem motivo a reforma tributária é a mais difícil de fazer. A última
foi no regime militar (1964-1984), através da Constituição de 1967, a penúltima
de sete Constituições Nacionais. Nem a última delas, a de 03-10-1988, conseguiu
fazê-la.
Assim, existe uma guerra surda no País. O exemplo mais
recente é o do campeonato automobilístico de Fórmula 1, que tem acontecido em Interlagos,
cidade de São Paulo, há 29 anos. Antes fora no Rio de Janeiro, Estado este que
está quebrado, mas, subornando, conseguiu sediar a Copa do Mundo de Futebol em
2014. No caso, onze arenas do esporte referido foram destruídas parcial ou totalmente,
refeitas, reconstruídas, muitas sem viabilidade, onde a corrupção correu solta.
O episódio das Olimpíadas, em 2016, foi outro acontecimento cheio de corrupção.
Recentemente, o ex-governador Sérgio Cabral, preso, declarou que usou bilhões
de dinheiros para comprar os eleitores da Copa e das Olimpíadas. Agora não se
sabe ainda se há corrupção. Interesses velados existem claramente. Mas o
governo Bolsonaro quer levar de volta para o Rio de Janeiro o campeonato
mundial a Fórmula 1.
O Brasil vem sendo passado a limpo nesta década e se espera
que renasça um novo País para as vindouras. Entretanto, somente uma reforma
política poderá acabar com os apaniguados deste território.
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