17/09/2018 - DÉFICIT PRIMÁRIO IGNORADO
Os candidatos à presidência da República, que irão a
escrutínio no próximo dia 7 de outubro, têm ignorado o déficit primário em suas
propostas, em sua forma e em seu conteúdo. Jair Bolsonoro afirma que irá
resolver o problema em um ano. Geraldo Alckmin, em dois. Ambos não dizem como.
Os 11 outros candidatos não se referem a nada. Parecem desconhecer o problema
ou porque a solução que poderão fazer seguramente será amarga. Isto é, o ajuste
fiscal, para voltar a ter superávit primário terá que ser feito com corte
drástico de despesas e elevação de tributos.
O Plano Real, de 1994, foi muito importante para debelar a
inflação acima de dois dígitos, que permanece até hoje abaixo desse patamar.
Porém, os eixos da economia não estão aprumados, de tal maneira a que haja
elevação da produtividade, de uma maneira em geral. Somente no agronegócio ela
tem se elevado. Porém, neste segmento produtivo gera muito pequeno valor
agregado. Na indústria é onde ele deveria estar mais desenvolvido. Porém, não é
o que acontece a indústria vem definhando, bem como sua produtividade. Comércio
e serviços também não reagem em produtividade, no geral. É preciso fazer mais
com menos. Não raro se produzem pior do que em outros países e cada vez pior,
conforme entrevista de hoje, de José Alexandre Sheinkman, professor da
Universidade de Columbia, EUA, que, dentre outras observações, também destaca
que os candidatos estão repetindo os mesmos erros do passado, mediante ideia de
que o Estado deve proteger a economia.
Para ele: “O governo precisa criar o ambiente para que as
empresas aumentem sua produtividade”. Aqui se entende como melhorar o ambiente
dos negócios, promover as reformas estruturais e retornar a investir na
infraestrutura de forma adequada. Prossegue, entre outras coisas: “a partir
principalmente do segundo governo Lula e certamente do governo Dilma, em
diante, a gente retomou o caminho de tentar resolver todos os nossos problemas
gastando mais do que arrecadava”.
O primeiro governo Dilma, de 2011 a 2014, realizou o primeiro
déficit primário, após 16 anos consecutivos de superávit, sendo em 2014, de
R$17,2 bilhões. Dilma foi afastada, justamente por crime de responsabilidade
fiscal, mas em 2015, seu governo repetiu um déficit primário de R$114,7 bilhões,
mesmo ela tentando com um ministro liberal, fazer o ajuste fiscal, não conseguiu.
Afastada, legou a Temer a situação caótica das finanças públicas. Em 2016, o
déficit primário foi o maior já registrado, de R$161,3 bilhões. Em 2017, de
R$124,4 bilhões. Para os próximos anos ainda haverá provavelmente, déficit
primário. Sem dúvida, os déficits referidos contribuíram para a situação de
forte recessão de 2014 a 2016 e de estagnação econômica de 2017 e 2018, visto
que o governo deixou de realizar grande parte da infraestrutura, tendo
paralisado cerca de 8 mil obras. Sem o investimento público, que é
multiplicativo, não se atraiu o investimento privado, que é acelerativo,
conforme o manual “Teoria Geral”, de Keynes.
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