01/09/2018 - AGRO VOLTOU A COMANDAR COM HEGEMONIA
Na verdade, nunca deixou de comandar. Do século XV ao XIX
(com convicção até 1930), o poder do agro foi soberano. Os autores chamaram
este modelo de gestão de MODELO PRIMÁRIO EXPORTADOR (1500-1930). O País foi
organizado em grandes atividades rurais, chamadas por Celso Furtado de CICLOS
ECONÔMICOS. Pau-brasil (extrativo), cana de açúcar, pecuária nordestina,
pecuária sulina, mineração, cacau, sisal, mamona, arroz, algodão e café. No
século XX agregou-se a soja. Matérias primas estas tipicamente de exportações.
Não se geravam praticamente valor agregado. Não se tinham indústrias de portes,
somente oficinas. Grandes partes das necessidades do País eram satisfeitas com
importações. Daí a premência, na época, de criar-se o MODELO DA INDÚSTRIA DE
SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES (1930-1990). Indústria quase toda protegida, quando
passou a dividir o poder com os ruralistas, os industriais. Estes chegaram até
ter mais proeminência do que os ruralistas. Porém, quando Fernando Collor
(1990) retirou a proteção estatal à maioria das indústrias e iniciando as
privatizações, os ruralistas retornaram em direção à hegemonia do poder. Mesmo
antes disso, mediante Revolução Verde no mundo, há 70 atrás, o agro recomeçou a
ser fortalecido, através da mecanização, principalmente, tratorização,
melhoramento genético, da nutrição vegetal, combate de praga e de doenças.
Surgiu então o atual MODELO DO AGRONEGÓCIO. Afinal, com o Plano de Metas de JK
(1956), criou-se Brasília e se agregou a região Centro Oeste basicamente
desenvolvida pelo agronegócio, a que mais cresceu desde então.
Dessa forma, proliferaram universidades rurais, centros de
pesquisa e unidades da Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA) e a
revolução digital estão chegando ao campo: tecnologias da informação,
nanotecnologia, biotecnologia, internet das coisas e inteligência artificial. O
agro ficou muito na frente de muitas empresas nacionais. Os ruralistas voltaram
a ser a bancada mais forte do Congresso Nacional. Comandam hoje 320
congressistas, cerca de 54% deles. O agro voltou a comandar com hegemonia. De
10% do PIB, do segundo quartel do século XX, passaram hoje a 24% do PIB, que,
com mais 10% da pequena produção, somam 34% do PIB.
Não sem motivo, a edição especial e anual da revista Exame,
na 45ª vez, seleciona perfis dos maiores grupos nacionais. Num rol de 3.000
conglomerados, destacam: as 1.000 maiores empresas do Brasil; ranking dos 200
maiores grupos brasileiros; as 400 maiores empresas do agronegócio; as 100
companhias que mais investiram em 2017. Desnecessário dizer o porquê do destaque
das 400 empresas nas 1.000 maiores. Necessário dizer que nenhum setor teve
tanta referência como ele.
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