25/08/2017 - MONTAGEM E DESMONTAGEM DO PAPEL DO ESTADO
Antes do Plano Real, antes de 1994, o Brasil conviveu com
altas taxas inflacionárias, que chegaram até à hiperinflação, bem como em
dependência de uma dívida basicamente externa, sem reservas suficientes para
evitar ataques especulativos à moeda nacional. Perante isso, o país estava na
armadilha de um país subdesenvolvido.
Depois do Plano Real, em 1994, o governo FHC montou um papel
do Estado com uma economia estabilizada e com a forte moeda, que até hoje é o
REAL. Depois, paulatinamente, começou a esquematizar um colchão de reservas
externas, para evitar ataques especulativos à moeda, como sempre acontecia. No
primeiro governo FHC (1995-1998) existiram muitas dificuldades em segurar
ataques especulativos externos à moeda brasileira. Precisou recorrer a
empréstimos do FMI. No seu segundo governo (1999-2002) montou o seguro tripé da
política monetária de meta de inflação; da política cambial com o câmbio
flutuante; da política fiscal, mediante superávits primários. Lula, em seus
dois mandatos (2003-2010) manteve o tripé referido, pagou ao FMI e ampliou as
políticas sociais, que se reforçaram com FHC. No seu primeiro mandato
(2003-2006), Lula, surpreendente, seguiu a rigor ortodoxia de FHC. No seu
segundo mandato (2007-2010) ampliou a intervenção do Estado na economia.
Entretanto, nos períodos de ambos o papel do Estado, foi de manter o citado
tripé e obteve crescimento econômico. No primeiro mandato da presidente Dilma
(2011-2014) manteve o tripé até 2013, mas em 2014 quebrou a perna da política
fiscal com déficit primário, depois de 16 anos de resultados positivos. No seu
segundo mandato (2015-2018) ficou incompleto seu governo, em meados de 2016,
quando foi afastada, pelo desmonte das contas publicas, fazendo em seguida (2015)
a quebra da segunda perna da política cambial, perante desvalorização de 50% do
câmbio, além da terceira perna da política monetária, quando a inflação atingiu
10,7% (também em 2015). Quer dizer, Dilma realizou a desmontagem do Estado.
Michel Temer continuou nessa desmontagem e, procura sair, também procurando
legar ao sucessor uma nova montagem.
Em outras palavras, em artigo de ontem, na Folha, Vinicius
Torres Freire, intitulado por “A revolução de Dilma e Temer”, ele se refere à
desmontagem do papel do Estado feito por FHC e Lula, por parte dos personagens
citados no título. Começa assim: “A associação de Dilma Rousseff com Michel
Temer pode resultar em uma revolução do lugar do governo na economia
brasileira. A ex-presidente começou a obra de desmonte do Estado, que entrou em
outra fase importante nesta semana, com o pacote de privatizações de seu
sucessor em impopularidade... Dilma arruinou as contas públicas e as estatais,
um tanto como a ditadura militar em sua fase final. Depois dela, vieram o
dilúvio da dívida e a seca dos recursos estatais, que deverá durar uma década”.
Espera-se que não. Que o novo governo defina novo papel do Estado. Isto é, faça
a sua montagem em direção ao crescimento econômico.
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