04/08/2017 - FRUSTRAÇÃO DE ARRECADAÇÕES
Montada nova equipe econômica de Dilma, em 2015, a então presidente,
mesmo contrariando suas ideias de expansão dos gastos públicos, acima das
possibilidades de arrecadação do governo central, perante o déficit primário de
2014, o primeiro depois de 18 anos, convidou Joaquim Levy, ortodoxo de
carteirinha, para comandar o ajuste fiscal. Porém, a recessão estava crescendo
e ele não conseguiu apoio dela para fechar 2015 com superávit, repetindo rombo
orçamentário. O Tribunal de Contas da União descobriu várias operações
proibidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, tais como operações em aberto
com os bancos oficiais e gastos não autorizados, em 2014 e 2015. Depois de
processo de impeachment, foi afastada e assumiu Michel Temer, em 2016,
prometendo fazer o ajuste fiscal. Porém, 2014, 2015 e 2016 tiveram déficits
muito grandes. O rombo de 2017 poderá ser maior do que 2016. Para 2018 está também
sendo projetado déficit primário. Na verdade, o governo central criou a lei do
teto dos gastos, mas os gastos são muito rígidos à baixa, em governo que
continua gastador. Continua por que faz doações a grupos políticos para
permanecer no poder. Como fez com os subsídios ao Plano Safra e perdão de R$8
bilhões do REFIS do INSS para os mesmos ruralistas. No que se referem às
receitas estas caíram muito mais do que o esperado, além das novas receitas
projetadas frustrarem, em muito, as expectativas. Ademais, os projetos de
ampliação de recursos não aconteceram ou foram desfigurados no Congresso.
Subsídios e isenções de impostos continuam.
O novo REFIS empresarial, através de Medida Provisória (MP)
enviada, tinha a previsão de cerca de ingressos neste ano de R$10 bilhões, mas
ainda não aprovado, está reduzido em milhões. Surgiu há dois dias, antes da
votação da denúncia de corrupção passiva, pela Câmara, o governo enviou MP de
REFIS exclusivo da bancada ruralista sobre débitos da previdência, onde
renunciará cerca de R$8 bilhões. Os gastos com as emendas parlamentares chegam,
em sete meses, a R$4 bilhões. O novo REFIS para os municípios e Estados, em
atraso com o INSS, teve a adesão de somente 1.873 municípios, dentre 5.565
deles, além de 9 Estados, dentre 27 unidades federativas. As dívidas
previdenciárias, passíveis de refinanciamentos somavam mais de R$90 bilhões, em
março. A estimativa do governo era obter R$2,2 bilhões ainda neste ano, mas não
acontecerão nem muitos milhões. O projeto de legalização dos jogos de azar não
segue adiante no Congresso. Perante a nova votação de dois dias atrás já
referida, o governo não teria quorum para aprovar a reforma da Previdência.
Outra frustração foi à segunda repatriação de recursos, agora neste ano, cuja expectativa
era de mais de R$13 bilhões, não alcançará R$2 bilhões. O pente fino nos
benefícios, por incapacidade, no INSS gerou economia de somente R$2,6 bilhões.
Assim, o governo federal já está articulando para propor elevação do déficit
primário, de R$139 bilhões para R$159 bilhões. Maior do que aquele do ano
passado, o que mostra que a recessão ainda não foi debelada, para gerar mais
receitas, conforme resultados do primeiro semestre, quando as receitas caíram e
as despesas subiram.
A notícia mais nova de descalabros de subsídios deu-se com a
divulgação pela Folha, hoje, em editorial, que estudo do Ministério da Fazenda
mostrou que os subsídios do BNDES ao grande capital, saltaram de R$22,8 bilhões
em 2010, para R$78,3 bilhões em 2016. Claro que os contribuintes não sabem.
Referidos subsídios corresponderam a quase três vezes o Programa Bolsa Família.
Citados subsídios, em 2016, corresponderam ao fato de que o Tesouro Nacional
captou no mercado à taxa média de 14,25% e emprestou a 7,5% ao ano, via BNDES.
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