23/08/2017 - RECUPERAÇÃO DO SÃO FRANCISCO




Há um ano o governo de Michel Temer anunciou a recuperação do Rio São Francisco. Há mais de dez anos começou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 21-01-2007, tendo como uma das suas maiores construções a Transposição do Rio São Francisco, projeto que levaria á água para os Estados mais atingidos pela seca do Nordeste. Um arremedo de levar águas começou no sertão de Pernambuco, no ano passado, mas não continuou em suas outras vertentes. Em julho de 2016, o governo federal deixou de divulgou o balanço mensal do PAC. Parecia que parou ali o projeto iniciado em 2007. Começou outro, o projeto de Recuperação do São Francisco. Quer dizer, as obras da transposição do rio São Francisco não puderam ser levadas adiante porque o rio precisou ser recuperado. Falta de lógica e de responsabilização de seus autores e executores. Ora, então, não deveria ter transposição de águas onde não há excesso, há escassez. Por exemplo, hoje em dia, o reservatório do Lago do Sobradinho, onde está instalada uma das hidrelétricas da Usina de Paulo Afonso, está somente com 9,3% da capacidade. É visível as ruínas descobertas, dentro do lago, das cidades que foram inundadas para construí-lo, de Remanso, Sento Sé e Pilão Arcado, na Bahia. A recuperação do referido rio ficou mais urgente do que a transposição do São Francisco. Erro para consertar erro e ação insuficiente. A história do rio sempre mostrou que ele enche, mas sofre demais com a seca periódica, que sempre ocorreu.

Lançado em agosto de 2016, com pompa, como soe acontecer em estratégia de impacto populista, o presidente Temer procurou se popularizar na região e não tem conseguido. Pelo contrário. O documento se chama de Plano Novo Chico, prevendo a revitalização do rio São Francisco, priorizando a conclusão de obras de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nas cidades ribeirinhas. O cronograma de obras é de 10 anos. O investimento total previsto é de R$7 bilhões, sendo previsto R$1,1 bilhão até 2019. Entretanto, os investimentos executados para tal propósito foram: em 2015, de R$87,5 milhões; em 2016, de R$70,3 milhões; em 2017 foi previsto R$60,2 milhões e somente foram executados em sete meses (até julho) R$12,1 milhões. Uma bagatela para os quase R$10 bilhões aportados na transposição citada ou nos R$7 bilhões para o novo projeto, que ora parece caducar, já que o governo deu um corte de cerca de 40% nas obras públicas em curso.

No Brasil, os projetos de longo prazo repetem “a lógica do erro”, tal como com as do citado rio, com a educação brasileira, dentre outros propósitos. Não se quer acertar mesmo, mas eternizar a “eterna” dependência e subordinação aos donos do poder.

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