31/10/2014 - SELIC SURPREENDE
Fora da programada reunião semanal
do Comitê de Política Econômica (COPOM), que se realiza a cada 45 dias, nas
terças e quartas, havia unanimidade entre os 100 analistas credenciados pelo Banco
Central, para fazer previsões semanais, as quais constam do relatório semanal
Focus, de que a taxa SELIC continuaria em 11%, pelo sétimo mês seguido. Mas,
não. Numa decisão inesperada do COPOM a taxa básica de juros se elevou em
0,25%, algo que era imaginado pelos referidos analistas para a primeira reunião
de fevereiro de 2015. O que aconteceu? A inflação de setembro, anualizada,
cravou 6,75%, acima da meta de 4,5%, mais o viés de alta de 2%. Os preços estão
sendo pressionados para alta, devido à seca prolongada. O dólar ter subido
muito nestes três meses, o que encarece as importações. O Banco Central dos
Estados Unidos encerrou estímulos à
economia, qual seja o extenso programa de recompra de títulos, dado que a
redução da quantidade de dólar no mercado internacional trará pressões
inflacionárias. À próxima reunião de novembro do Conselho Nacional de Petróleo,
que está a indicar reajustes dos preços dos combustíveis, que ainda não se
elevaram neste ano pela Petrobras. Comenta-se também que os preços
administrativos represados pelo governo, tais como telefones e energia elétrica
poderiam também ser majorados.
A medida de elevação da SELIC, em
geral, não é boa para a economia, visto que este ano tem crescimento previsto
para perto de zero. Mesmo porque a teoria explica que, quando mais alta a taxa
de juros, menor o crescimento. Neste caso, se está perto de zero, pode-se
ingressar até em recessão. No momento, aumentar juros está a indicar uma situação
de estagnação econômica. Ademais, informes velados estão no sentido de que o
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, permanecerá à frente do Banco
Central. Quer dizer, a presidente Dilma, reeleita, continuará dando a última palavra
na economia.
Poderia alguém argumentar que a
elevação foi de 0,25%, para que tanto alvoroço? Por partes. Aumentar juros vai
de encontro à redução inflacionária. Aumentar juros levará a um gasto anual de
R$6.600.000.000,00. Aumentar juros da SELIC levará a crescer a cesta de taxas
de juros interligadas de toda a economia: o custo é enorme. O pior, já se fala
que na reunião da primeira quinzena de dezembro, poderá haver elevação de mais
0,25% na taxa básica de juros, se a inflação estiver ainda estourando os 6,5%
referidos.
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