02/10/2014 - EMERGENTE DOS MAIS ENDIVIDADOS




O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou anteontem, nos Estados Unidos, relatório trimestral sobre Panorama da Economia Mundial, no qual o Brasil se tornou em 2013, a nação emergente com o maior déficit externo do mundo. Não é porque este espaço procure falar os lados das deficiências, é porque a situação só tem piorado nos últimos quatro anos, nesta gestão de Dilma, em comparativo com a gestão de Lula, ambos do mesmo partido, ambos com o mesmo ministro da Fazenda. Com ambos, este ministro tem mandado quase nada, coadjuvante nas decisões, fazendo previsões bastantes fora da realidade possível. Com Lula, mandava na economia o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pessoa de confiança dos empresários. Com Dilma, manda ela mesma, a qual tem cultivado estranheza e desconfiança de grande parte dos capitalistas. Daí, eles recuaram em investimentos, ocasionando quatro anos de baixíssimo crescimento do PIB.

Na verdade, o FMI assinala que há oito anos o País deixou de apresentar saldo positivo nas suas transações externas, envolvendo comércio internacional, fluxo de investimentos, gastos de turistas e empréstimos, chegando hoje a um rombo de US$81 bilhões, equivalentes a 3,6% do PIB e a 0,11% do PIB mundial. Em 2006, o Brasil não integrava a relação dos maiores déficits externos e internos. Ou seja, apresentava contas mais equilibradas. Naqueles primeiros anos do século XXI, o mundo enfrentava período de bonança e o Brasil aproveitou bem os elevados preços das commodities para reprimarizar-se ainda mais. Antes de 2013, os Estados Unidos e o Reino Unido ocuparam os primeiros lugares em déficits externos. O Brasil era o sexto. No final de 2013, os Estados Unidos eram o primeiro endividado no exterior, a Espanha, o segundo, o Brasil, o terceiro. Ora, os Estados Unidos são endividados em sua própria moeda. A Espanha tem atravessado sérios problemas desde 2008. Porém, é um país desenvolvido. O Brasil, por seu turno, é o mais endividado entre os países emergentes. Afora isto, o déficit nominal do governo, mediante dados de agosto, alcançou 4% do PIB e a dívida bruta rompeu o limite de 60% do PIB.

Segundo o FMI: “na maioria dos casos dos emergentes, as posições de maior endividamento não foram acompanhadas de ampliação dos investimentos em infraestrutura e crescimento maior”. Porém, no caso brasileiro, “déficits grandes e os compromissos externos associados expõem o país a riscos de interrupção de financiamento ou da rolagem desses compromissos”, ainda conforme o FMI. O recado do FMI é associado às agencias de risco, que ameaçam rebaixar a nota do grau de investimento.

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