09/10/2014 - CAUSAS INTERNAS OU EXTERNAS




O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, projetou no início do ano que o PIB brasileiro cresceria 4,5% em 2014. Como toda semana, o Banco Central realiza pesquisa com 100 analistas credenciados sobre a perspectiva da economia brasileira, denominada informativo Focus, os quais há 19 semanas consecutivas tem derrubado a taxa de crescimento de 4% para até 0,24%. Referido ministro, vem sempre atrasado em suas projeções, de dois em dois meses, reduzindo-as consideravelmente, sendo a última de 0,9%. Chegou-se a este outubro, fala-se em recessão econômica, mas o ministro ainda insiste em que está havendo recuperação da economia, não admitindo nem estagnação econômica. A desfaçatez desse cidadão é tão grande que ele tem afirmado que a economia internacional vem derrubando a economia brasileira. Ora, o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana divulgou o seu relatório trimestral “Panorama da Economia Mundial”, no qual afirma que a economia do globo irá crescer 3,3% neste ano, em média dos países, bem como reduziu de 1,3% para 0,3% a previsão do crescimento da economia brasileira para este ano. É a maior queda entre as taxas previstas pelo FMI. O citado órgão afirma que o País se encontra em estagnação econômica. Em seguida vem à projeção para o Japão, caindo de 1,6% para 0,9%. As previsões do FMI, quanto ao Brasil, para 2015 foram reduzidas de 2% em julho para 1,4%.

O Ministro Mantega não foi à reunião do FMI nos Estados Unidos. Certamente, ele já sabia que o FMI iria se referir à má estimativa para o Brasil, explicando que era decorrência de causas internas e não externas. Isto é, (1) do lado da oferta, a falta de confiança dos empresários, em decorrência de infraestrutura deficiente, juros altos e fraca competitividade; (2) do lado da demanda, os consumidores restringiram consumo, houve retração do crédito e esfriamento no mercado de trabalho, além de inflação muito acima da meta. Isto é, o sistema de meta de inflação é de 4,5%, mais o viés de alta de 2% (permissão de alta). O FMI é sabedor que a inflação anualizada até setembro no País está em 6,75%, mostrando o insucesso em conseguir-se cumprir o prometido. A teoria é clara: inflação alta, crescimento baixo. O ministro Mantega afirmou ser pessimista o prognóstico divulgado pelo Órgão, de o País crescer este ano. Entretanto, o número apresentado pelo Banco Central é ainda menor. Quem está fora da realidade? O fato é que, desde 2012, os economistas do FMI reduzem, a cada relatório, as projeções de expansão do PIB. Para ele, o Brasil tem demonstrado números sempre piores do que o esperado, conforme citado documento.

O acompanhamento do FMI decorre de sete décadas. Ele pode até a demorar em colocar suas estatísticas. Porém, costuma contrariar certos países e elogiar outros. Em 1973, por exemplo, o governo militar afirmava que a inflação estava por volta de 14%. O FMI disse que houve manipulação. Para ele, a inflação estava em 34%, conforme mais tarde foi admitido. Recentemente, na primeira década do século XXI, durante a era Lula, os relatórios trimestrais, como o relatório em referência, eram elogiosos à política econômica do governo. Agora mesmo, no citado relatório trimestral, o FMI afirma elogiosamente que o Reino Unido vem crescendo acima dos sete países mais industrializados do mundo.

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