03/10/2014 - REFORMAS URGENTES
A comunidade mundial, desde o
surgimento do capitalismo mercantil, no século XV, veio gradativamente se
transformando de maioria de população rural para população urbana. O Brasil
somente apressou o seu passo após a introdução do planejamento econômico, a
partir do Plano SALTE, datado de 1949. Contudo, o vigoroso processo de
crescimento econômico aos saltos (1949-1979), trouxe desequilíbrios
estruturais, ocasionando um processo inflacionário crescente, o qual levou ao
regime autoritário (1964-1984), que controlou a inflação até 1979, data do
segundo choque do petróleo, que contribuiu para explodir o modelo de
crescimento, mediante inflação maior do que em 1964, cerca de 92%, para mais de
100%, a partir de 1979. Portanto, a agenda brasileira realizada nos anos de
1980 foi em torno da democracia. Nos anos de 1990, a agenda foi o de
estabilidade da moeda. Na primeira década do século XXI, a agenda teve como
tônica a redução das desigualdades. Porém, nesta segunda década do século XXI a
economia desandou. O Brasil tem estado perdido. Há uma sensação de falta de
rumo. O resultado do descompasso é gritante nos dois últimos anos fechados, de
2012 e 2013. A rentabilidade do patrimônio das 500 maiores empresas atingiu o
ponto mais fundo dos últimos dez anos, conforme a edição recente de Melhores e
Maiores da revista Exame. Dessa forma, os investimentos caíram à taxa mais
baixa desde 2006, traduzindo-se em crescimento fraco naquele biênio e neste ano
próximo de zero. Portanto, a agenda perdida agora é a das reformas, em face de
um consenso de busca por maior produtividade e competitividade.
A revista Exame, datada do dia 1º
deste mês, montou operação especial de pesquisa, comandada pela consultora de
gestão Betânia Tanure, que ouviu nos últimos meses 528 presidentes dos maiores
conglomerados empresariais do País, cuja pergunta síntese foi: qual é a reforma
mais urgente para o Brasil? “A mais votada, colocada à frente por 35% dos
entrevistados, foi a da educação. Em seguida vieram a da gestão pública (20%),
a da infraestrutura (16%), a do sistema tributário (9%), a da segurança pública
(8%) e a do sistema político (6%). A segunda parte da operação foi um corpo a
corpo: mais de 30 líderes, representantes dos mais diversos setores, concederam
entrevistas...” (p. 34).
Em resumo, eles pontuaram quatro
razões para mudanças estruturais: 1ª) o Brasil parou de crescer, para continuar
a reduzir a pobreza, precisa retomar o fôlego; 2ª) a rentabilidade dos negócios
não estimulam os investimentos; 3ª) Não se pode mais contar com a abundância de
dinheiro estrangeiro da última década; 4ª) a esmagadora maioria do eleitorado
deseja mudanças nas ações do próximo governo, ratificando pesquisa feita em
setembro, pelo IBOPE, na qual 70% dos entrevistados apregoam mudanças
essenciais, e não de fachada, para o governo agora a ser eleito, daqui a dois
dias.
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