29/10/2014 - PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO
O presidencialismo de coalizão
existe no Brasil desde quando Lula assumiu o poder, em 2003. Doze anos, que
poderão ser estendidos agora, após a reeleição de Dilma, por mais quatro anos.
Tal regime colocou em prática a velha forma de cooptação, por meio de preenchimento de cargos
públicos, calculados em torno de 25 mil no governo federal, bem como muito mais
outros milhares nas unidades federativas, onde políticos dirigem órgãos
públicos, muitas vezes sem a competência que o cargo requer. Isto também é
chamado de partidarização do governo. Claro que sempre houve isto desde 1989,
na República Velha, em maior ou menor grau, para 32 presidentes, eleitos pelo
voto popular ou pelas armas. O PT agregou a antiga forma, a prática de
negociações de compra de votos no Congresso, o chamado “mensalão”, da primeira
gestão de Lula, o qual formou uma base aliada de 18 partidos entre 28
existentes. A base aliada continuou pelo seu segundo governo, muito embora 40
mensaleiros respondessem a processos no Supremo Tribunal Federal, sendo 25
condenados. Para o segundo governo de Lula, foi nomeado Paulo Roberto Cunha, em
2004, indicado pelo PP, para Diretor de Abastecimento da Petrobras, que
confessou haver formado um esquema de corrupção, no qual transferiu 3% dos
contratos da estatal, sendo 2% para o PT e 1% para o PMDB e PP, conforme
investigações em curso pela Polícia Federal, operação Lava-Jato, tendo como
intermediário o doleiro Alberto Yousseff, ambos prestando delação premiada à
justiça do Paraná, na qual se calcula que o esquema envolveu R$10 bilhões. Na
eleição de Dilma Rousseff, as denúncias dos envolvidos são de que o esquema
prosseguiu até, pelo menos 2012, quando o citado diretor foi demitido.
A presidente Dilma Rousseff,
reeleita no recente dia 26, declarou dia 27, que “não ficará pedra sobre pedra
na apuração da corrupção”. A petista afirmou que ”punir corruptos não leva à
instabilidade; impunidade é que causa crise. Eu farei o possível para colocar
às claras o que aconteceu neste caso da Petrobras e em qualquer outro que
apareça”, disse em entrevista ao Jornal Nacional e à Rede Record, um dia após
ser reeleita. A presidente também afirmou que medidas econômicas serão tomadas
a partir de novembro, na próxima semana, que não irá esperar a conclusão do
próximo mandato para iniciar ações na economia. Dilma disse que irá conversar
com todos os segmentos: “dialogar com setores empresariais, financeiros, com o
mercado e fora do mercado”. Citou ações já feitas do Supersimples, as
desonerações do primeiro mandato, concluindo que “Eu tenho a convicção de que o
Brasil precisa de uma reforma tributária. É impossível continuar com a
sobreposição tributária e a guerra fiscal”. Na questão do plebiscito para a
reforma política, enviou mensagem ao Congresso, propondo cinco pontos a serem
submetidos à consulta popular: o fim do financiamento empresarial de campanhas
e a tipificação de caixa dois como crime eleitoral; definição do sistema
eleitoral, se voto proporcional ou distrital; manutenção ou não de coligações
partidárias; continuidade ou não da suplência de senador; fim ou não do voto
secreto no Congresso Nacional.
O início parece muito bom. A
questão é “quem colocará o sino no gato?” Isto é, continuará havendo ou não
presidencialismo de coalizão? Ontem mesmo abriu o “diálogo”, dizendo que tanto
faz plebiscito ou referendo a forma de encaminhar a reforma política. Ela quer
que vingue a reforma.
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