27/10/2014 - FUNDEB EM NOVA LEI
O Fundo de Desenvolvimento da
Educação Básica (FUNDEB) orçamentado para 2014 é de R$117 bilhões. Destes, 92%
vêm de Estados e Municípios. Tal valor não cobre R$2.285,00, tendo a União que suplementá-lo.
Para este ano está estimado em fazer a cobertura para os Estados que não
cumprirem a norma em torno de R$10 bilhões. O gasto público mensal médio por
aluno é de R$190,42. O contingente dos nove anos iniciais de estudo está por
volta de 51 milhões, sendo maior do que 25% da população brasileira. Seja
chamado de básico ou de ensino fundamental, ele é o mais importante do que o
ensino médio ou do ensino superior, já que estes dois decorrem do primeiro. No
mundo inteiro é aonde se reforçam os estudos, além do fato de que são os anos
em que o processo de aprendizagem decorre de maior facilidade, desde a
alfabetização até o mínimo de conhecimento necessário para fazer o cidadão. São
27 Unidades Federativas, 5.570 Municípios, 200 mil escolas. Não é dizer que é
pouco dinheiro, mas há que muitos agentes envolvidos, sem que sejam cobrados em
resultados. A Lei de Responsabilidade Fiscal, de 1996, sujeitou os gestores
municipais à punição, se não obedecer à aplicação dos recursos advindos do
Fundo de Participação dos Estados e Municípios. Os desvios diminuíram. Porém, a
qualidade da educação básica ainda é sofrível. A nota do IDEB do ano passado
chegou a duras penas a 5. Os resultados chegaram ao limite inferior da
aprovação. Porém, o aluno que deixa o primeiro grau, mais de 25% se evade,
chega ao final obtendo nota 3,7 no ensino médio, nota que não foi alterada do
penúltimo para o último ano. Quem quer e pode coloca seu filho para estudar no
ensino privado, de melhor qualidade.
Conforme o doutor em economia,
especialista em educação, Gustavo Iochpe, colunista da revista Veja, no ano
passado, a Controladoria Geral da União examinou devidamente 120 municípios.
Somente 2% deles. “Os resultados foram um show de horror: em 59% dos locais
havia gastos não compatíveis com que o FUNDEB autoriza; em 41% encontraram-se
montagem e direcionamento de licitações; em 17% o dinheiro do FUNDEB foi sacado
cash, na boca do caixa (todas as referências estão disponíveis em twitter.com/gioschpe).
Em maio deste ano a Polícia Federal prendeu 29 pessoas no interior da Bahia
acusadas de dar um golpe de 30 milhões de reais no FUNDEB, entre elas seis
ex-prefeitos e cinco secretários municipais”. O autor propõe em livro, há dez
anos, a criação de uma lei, definindo parâmetros, já que a CGU não está
equipada e faz muitíssimo pouco. O incrível disso tudo é que existem 39
ministérios, recheados de mais de 500 mil funcionários, além de milhões de servidores
públicos em Estados e Municípios, sem serem direcionados para fiscalizar o
sistema educacional. Para o referido doutor, é fundamental: “A Lei de
Responsabilidade Educacional jogaria todo esse arcabouço fora e faria a
alocação de recursos de forma simples: pegue-se todo o montante arrecadado pelo
FUNDEB, previsto em lei (excluído a complementação da União, já que não haverá
valor mínimo por aluno) e se divida de acordo com a melhoria do estado ou
município no último IDEB. Quase toda escola pública tem um, calculado pelo
MEC”. Assim, o que falta para uma lei dessa espécie é vontade política. Quem
sabe ela possa acontecer com o “diálogo” proposto pela presidente reeleita,
fato que faltou em muito no seu primeiro governo.
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