26/01/2013 - CONTAS COM O EXTERIOR
O Balanço com o Resto do
Mundo se chama de Balanço de Pagamentos na Contabilidade Nacional. Trata-se de
grupos de contas, tais como a Balança Comercial (primeiro grupo), que se
reflete pelas transações de bens, isto é, exportações menos importações,
podendo ser superavitária ou deficitária. Assim como a Balança de Serviços
(segundo grupo), conforme definido pelo próprio nome se tratam de dois tipos
deles: (1) os serviços comuns, tais como os custos propriamente ditos, além de transportes,
seguros, viagens, turismo, cinema, artes, dentre outros (desde a sua primeira
contagem sempre foram saldos deficitários); (2) serviços da dívida externa
(desde o primeiro ano do Império até hoje saldos deficitários). A diferença
entre esses dois grupos se chama de Balança de Transações Correntes (quase
sempre deficitária na história, isto é, em raro ano apresentou pequeno
superávit). Mais a Balança de Capitais
(terceiro grupo), quase sempre superavitária, refletindo que o Brasil sempre foi
à procura de capitais externos. Dessa forma, fecha-se o Balanço de Pagamentos.
Como a contabilização é
feita em dólares, a forte desvalorização cambial do exercício passado, além da
fraca expansão do PIB em 2012, somente elevaram mais ainda o déficit da Balança
de Transações Correntes dos últimos anos, maior percentual desde 2001, sendo
resultado negativo ascendente de 2,4% do PIB, correspondentes a US$54,2
bilhões. Para fechar a conta, o País captou de dinheiro externo algo como 2,88%
do PIB, por volta de US$66,7 bilhões. Vendo por partes, se o País crescer no
máximo 1% (já se fala em 0,8%), o buraco de 2,4% na conta corrente é de três
vezes mais. Sendo assim, o Brasil está caminhando para trás, depois de uma
década indo para frente. Segundo, a captação de dinheiro foi grande porque a
taxa SELIC, em relação às taxas internacionais ainda propicia um ganho
formidável para os investidores de países ricos, onde a taxa de juros dos
títulos públicos está por volta de 1% ou menos, anualmente. Havia até mais interesse
dos estrangeiros em investir no País. Porém, está em vigor na gestão Dilma de
um Imposto sobre Operações Financeiras de 6%, para captações menores do que um
ano. Isto afugenta o capital especulativo de curto prazo.
Na verdade, a primeira
década da economia mundial foi benfazeja para o Brasil até 2007, quando o saldo
de transações correntes chegou a US$1,6 bilhão, mas, apenas isto. Secularmente,
a referida balança propicia déficit. Em 2008, voltou o déficit de US$28,2
bilhões. Em 2009, ele foi de US$24,3 bilhões. Porém, com a queda dos preços das
matérias primas que o Brasil exporta desde então, o saldo negativo foi de
US$47,3 bilhões em 2010; de US$52,5 bilhões em 2011; agora em 2012 de US$54,2
bilhões.
Economistas costumam
considerar que um déficit em conta corrente de 3% a 3,5% é aceitável. No
entanto, o Brasil já conheceu muitos períodos difíceis e os governos atuais
dizem estar livres pelas reservas existentes de mais de US$380 bilhões.
Reservas se exaurem, conforme exauriram com FHC. O atual estoque permite um bom
fôlego. Porém, a situação pode em longo prazo se deteriorar. O que ninguém
quer. O fato é que o povo em geral não sabe disso, engolindo que o Brasil está
indo ‘a mil maravilhas’.
Comentários
Postar um comentário