23/01/2013 - NÃO EMPLACARAM


A presidente Dilma começou seu governo com medidas de estímulos a diferentes segmentos produtivos. Pela natureza temporária de referidos estímulos eles não emplacaram para incrementarem os investimentos. A estratégia passou longe de dar impulso às inversões das empresas. Só no ano de 2012 foram R$45 bilhões de tributos que deixaram de ser arrecadados, equivalentes a 1% do PIB. As desonerações representaram aumento de receitas para muitas empresas, manutenção de postos de trabalho e um desafogo na carga tributária. Porém, além de seu caráter temporário, as medidas não foram universais. Isto é, alguns segmentos foram beneficiados e muitos ficaram de fora, sem que fossem explicados os critérios. Na verdade um tiro de festim, causando desconfiança nos empresários, com reflexos opostos ao que se queria consolidar.
Dessa maneira, o segmento mais contemplado foi a indústria automobilística, mediante 11 medidas de estímulos. O exemplo mais notório, a redução de 7% para zero do IPI sobre o carro 1.0. O recorde de vendas alcançou 3,8 milhões de veículos, uma elevação de 4,6% em relação a 2011. Mas, a produção do segmento recuou 1,9% no mesmo período. Foi a primeira vez em dez anos que a produção da indústria automobilística se contraiu no Brasil. O surpreendente é que os investimentos dos fabricantes de autopeças, grandes fornecedoras das montadoras, foram de R$2,6 bilhões, valor 42% menor do que o de 2011. Sem dúvida, a venda recorde teve muito de carros importados. O segundo segmento contemplado foi a construção civil, contando com 7 medidas de estímulos. Como exemplo, a desoneração da folha de pagamento, gerando economia de R$2,8 bilhões. O surpreendente aconteceu com uma queda de 19% nas inversões em máquinas para construção civil. O terceiro segmento, chamado de linha branca, contou com 6 medidas de estímulos. Como exemplo, a redução do IPI, no caso dos fogões, para alíquota zero. No entanto, as inversões da indústria elétrica e eletrônica recuaram 7% em 2012. O quarto segmento, calçados, recebeu 5 medidas de estímulos. Como exemplo, a desoneração da folha de pagamento e inclusão no pacote de compras governamentais. A queda de investimentos da indústria calçadista foi de 12%. O pior, a referida desoneração da folha de pagamentos levou a citada indústria a cortar 12.000 postos de trabalho.
Face ao exposto, fica claro que os empresários não possuem hoje a confiança necessária para ampliar a produção. Em artigo nos jornais de ontem, Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, atual membro da FIESP, fez um balanço de “O estado do mundo em 2013”. Assim se referiu: “Se comparadas com 2012, as perspectivas para o cenário político e econômico internacional para 2013 soam poucas animadoras”... “O Brasil, em 2013, poderá ter crescimento maior do que o ‘pibinho’ de 1% em 2012, mas não deverá alcançar os 3% da retórica oficial”.

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