10/01/2013 - PÓS-NEOLIBERAIS


Os economistas nasceram liberais, cujo livro central é A Riqueza das Nações, de Adam Smith, publicado em 1776. Na medida em que os países passavam a ser protecionistas, Adam Smith morreu amargurado, pedindo que rasgassem os seus livros, já que não havia livre mercado, livre concorrência, nem mão invisível, nem equilíbrio automático. Na tentativa de dar continuidade aos supostos de Adam Smith surgiram os economistas neoclássicos, criando modelos que supunham o pleno emprego. Na verdade, prevaleciam os economistas do Reino Unido, que pregavam o protecionismo. Vindo de encontro ao capitalismo, surgiram em meados do século XIX os marxistas, críticos defensores da ditadura do proletariado. O livro clássico de Karl Marx, O Capital, foi lançado na segunda metade do século XIX. Chegaram a ser voz de meio mundo, União Soviética, China, Cuba, mas o modelo ruiu, por falta de liberdade, a partir de 1987. Hoje os marxistas são os teóricos ou críticos do capitalismo. A economia mundial chegou a sua maior crise de realização da história em 1929. O capitalismo foi redefinido com a maior ou menor presença do Estado na economia. Logo, depois de Adam Smith, Karl Marx, surgiu John Maynard Keynes, com sua “Teoria Geral”, de 1936. Com a maior presença do Estado defendida por outros economistas, agora chamados de estruturalistas, defendendo o planejamento econômico. Para combater estes últimos e os marxistas, em 1989, pontificou-se o Consenso de Washington, um decálogo de estado mínimo, privatização, economia de mercado, sendo os defensores de tal modelo chamados de neoliberais. Isto é, a economia deveria ser dirigida ortodoxamente com as políticas monetária, cambial e fiscal, o restante se ajustaria aos seus ensinamentos.

No Brasil, de Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (1990-2002), o neoliberalismo foi exercido. O PT, até então contra tudo e contra todos, defendendo uma auditoria na dívida, quebra de contratos, desobediência à Constituição, na qual votou contra, mudou radicalmente de posição, ganhando as eleições, mas exercendo a política econômica, na essência, com o mesmo tripé dos neoliberais, meta de inflação, superávit primário, câmbio flutuante, reforçando os programas sociais advindos de FHC. Durante oito anos deu certo. Porém, eles passaram a criar mais estatais, partidarizaram como nunca o aparelho econômico. A essa diferença chamou de modelo deles de pós-neoliberal. Porem, ‘a casa caiu’. A economia desandou nos dois últimos anos. Os ajustes que tentaram não tem dado certo. Partiram agora para a parceria público-privada, conclamando os empresários para investir. Não tem conseguido. Logo, não tem nada de pós. É um retorno ao neoliberalismo, que de inicio abraçou. No fundo, não há diferença entre eles (vide o tripé da economia), a não ser de particularidades de manutenção do poder a todo custo. A saída tem que ser outra e está fora da ortodoxia. Eles não conseguem enxergar, porque pensam que ‘a sorte’ que tiveram com a economia a pleno vapor (2003-2008) irá se repetir. Entretanto, a luz do fim do túnel está cada vez mais distante (recuperação da economia mundial) e é preciso ter mais acuidade.

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