24/01/2013 - DESEQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO
O embrulho em que os
governos do PT se defrontaram e se defrontam não é claro para a grande maioria
da população. Ou seja, compreende a base da política econômica, alicerçada no
tripé de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário, sendo este
último o limite orçamentário governamental. Isto é, geração de caixa para
pagamento de parte substancial de juros da dívida pública. Na verdade, uma
dívida de mais de R$1,8 trilhão, que teria de pagar juros de aproximadamente
R$180 bilhões. Isto porque, embora a taxa SELIC seja de 7,25% anuais,
entretanto há outros encargos do endividamento, visto que os títulos vinham com
um estoque de juros bem altos, além dos custos administrativos. Dessa forma,
prevê-se no orçamento de 2013 economizar R$155,9 bilhões, como superávit
primário para pagar serviços da dívida, enquanto os investimentos do PAC estão
em R$52,2 bilhões. Quer dizer, um terço dos juros a serem pagos é equivalente às
inversões. Dessa forma, o investimento público é muito pequeno, um pouco maior
do que 1% do PIB, haja vista que o PIB brasileiro é estimado em R$4,5 trilhões.
Por outro lado, a política econômica prossegue, insistindo em fazer
desonerações crescentes para reanimar a economia, estimadas neste ano em R$52,2
bilhões, incremento de 16% em relação a 2012, repetindo a dose de 16,5% em
2014, cujas desonerações poderão chegar a R$62 bilhões.
A maior conta começou com a
desoneração da folha de pagamentos, no chamado Plano Brasil Maior, em agosto de
2011, beneficiando apenas quatro segmentos produtivos. Em abril de 2012 foram
agregados mais 11 segmentos, posteriormente 25, e, em 2013, mais 2 segmentos,
totalizando 42 segmentos. Ocorre que a renúncia fiscal da contribuição sobre a
folha, para incidir sobre o faturamento bruto tem que ser aprovada pelo
Congresso. Portanto, até agora o governo somente abriu mão de R$3 bilhões.
Porém, nesse ano o valor poderá saltar para R$13,3 bilhões e, em 2014, para
R$16,2 bilhões. Segundo a Receita Federal, os 42 segmentos beneficiados são
responsáveis por 59% das exportações de manufaturados, por 22% das exportações
totais, por um terço dos trabalhadores contratados pela CLT, 24% da massa
salarial e 19% da receita bruta da economia. Em sequência, a maior desoneração
tributária é a redução para zero das alíquotas da CIDE, para gasolina e para o
diesel, de R$11,4 bilhões neste ano e no próximo ano de valor igual. Uma série
de outras mudanças é esperada para atingir os valores globais. Porém, o governo
caiu na armadilha das leis da gestão fiscal do Estado, que não lhe permite a
redução da carga tributária sem que seja criada outra fonte de receita pelo
Congresso. Daí, grande parte das medidas de desonerações são de difícil
aplicação.
Em vista do exposto, a
política econômica é uma bobina a ser desenrolada. Os casuísmos substituem as
regras claras e a atual gestão do País parece mesmo que ficará sem alçar
grandes voos. Ao que tudo indica o PIB poderá ficar entre 2% a 3% nos próximos
dois anos.
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