23/12/2012 - NÃO FALTOU DINHEIRO
Não faltou dinheiro para investimentos, por parte das grandes empresas brasileiras escolhidas, conforme constatou a revista Exame, datada de 26-12-2012, a da última quinzena do ano, visto que o caixa delas fechou com R$240 bilhões, “voando”, provavelmente em aplicações financeiras, sem que se dirigissem a novas inversões, tão necessárias ao incremento produtivo. O estudo é um trabalho encomendado à empresa de análise financeira Economática, que detectou que 221 empresas negociadas na bolsa de valores de São Paulo estavam encaixadas em novembro com tal dinheiro, em contraste com R$86 bilhões que tinham em 2008, ano em que a economia começava a se desacelerar. Ora, as empresas gigantes da poupança não investiram o suficiente para tirar o País do marasmo econômico porque argumentam não ter condições satisfatórias de acreditar em novos negócios. O sentimento não é nada ingênuo. O que faltou, segundo a referida revista foi “segurança para investir”. Desde quando os capitais precisam de ‘segurança’? O que elas querem é melhor ambiente geral de negócios, mais favorável. Na linguagem empresarial, menores entraves para as suas pretensões de realização de lucros. A linha da revista citada há 45 anos é a de menor intervenção (mínima ou nenhuma) governamental na iniciativa privada, o que teria aumentado em 2012. Para isso explicar, a revista lançou quatro argumentos.
O primeiro, o de que a federação fez campanha pública contra o sistema financeiro privado, no sentido de quedar as taxas de juros, o que de fato aconteceu. Ora, isto era para aumentar os investimentos e não retraí-los. O segundo, de que a União fixou taxas de retorno pouco atrativas para rodovias e ferrovias a ritmo de parcerias. Ora, o capital sabe o que faz. O que deve ter havido é falta de benesses que ele sempre quer mais. Terceiro, o governo federal antecipou as concessões do sistema elétrico, em detrimento das enormes concessionárias. Bem, aqui o fato é verdadeiro, visto que elas são as maiores dentre as consultadas. Quarto, impedimento da Petrobras de elevar o preço da gasolina. Argumento falso, dado que desde 2005 o governo não permite tal reajuste.
No geral, a crise de confiança decorre do ambiente externo incerto, até mesmo de não ter melhoras a longo prazo. Os capitalistas estão sendo seletivos, fazendo caixa alto, para defrontar-se com melhores negócios possíveis. O governo sim, é que tem feito mal a sua parte, não promovenda as reformas estruturais de que o País precisa.
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