07/12/2012 - PRIVILÉGIOS
A herança mais perniciosa do
colonialismo é a existência de privilégios, muitos dos quais até hoje existem.
Os extintos, como a nobreza, foram substituídos pela formação de categorias de
beneméritos, os quais foram ampliados em números no curso do Império, República
Velha, Revolução de 1930, Estado Novo, República Nova, Ditadura Militar, Nova
República. Aquele que nunca deixou de existir e é o maior em número são os
cartórios. Praga que torna a burocracia sufocante. O exemplo mais gritante é o
reconhecimento de firma. Este deixou de existir a partir de 1979, mas pouco a
pouco voltou como exigência, hoje dia mais burocrático ainda. Fila, senha,
perda de tempo e raiva: é para quem perde uma manhã e até um dia para a tarefa.
Mas, de todas as heranças que foram deixadas pelos colonizadores está o Estado
pesado, cheio de mordomias nos poderes constituídos e, o que pior, ao invés de
diminuírem, crescem. Brasília é o principal centro das vantagens dos
funcionários públicos. A sua renda per capita é muito maior do que São Paulo,
além dela não produzir bens, nem serviços essências ou supérfluos, somente
serviços governamentais. O que causa revolta é o fato de que há uma lei que se
refere ao maior salário do País, o de presidente da república, um pouco mais de
R$26 mil. No próprio governo, existem ministros que ganham mais do que a
referida cifra. No seio do poder executivo, ministros ganham mais do que a
presidente Dilma, vez que recebem seus salários mais jetons por participações
em conselhos de administração de centenas de estatais. Por exemplo, o Ministro
da Fazenda, Guido Matega, bem como a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior,
percebem cada um, mais de R$43 mil. Os dirigentes do governo e das empresas
estatais ainda têm enormes privilégios, dentre os quais estão cartão
corporativo para despesas do cargo, carro com motorista, diárias, verba de
gabinete, viagens aéreas, abono por faltas, tais como os congressistas que só
trabalham terça, quarta e quinta, quando trabalham. Enfim, um sem número de
privilégios.
Todos os governos eleitos
preencheram cargos conforme suas conveniências, existindo nepotismo, indicação
de políticos para funções para as quais pouco tem competência, enfim, partidarização, qual seja a colocação
em cargos de confiança e estatais, de sua base aliada e de sindicalistas que
lhe apoiam, além de amigos e parentes. Os governos do PT chegaram a exarcebação
do processo, com a prática do mensalão, agora condenado pelo STF.
Muitos privilégios ainda poderiam
ser citados. Porém, fecha-se a pauta de hoje com o dinheiro fácil do
sindicalismo, todos os anos, a partir de 1943, decretado por Getúlio Vargas e
mantido pelos seus sucessores, o imposto sindical de um dia de trabalho pago
pelos mais de 45 milhões de portadores de carteira assinada, compulsoriamente,
mantém a estrutura de centrais sindicais, federações sindicais e sindicatos. Milhares
de dirigentes sindicais deixam de trabalhar nas empresas, mas continuam
recebendo salários delas. A estrutura de mordomias é tão grande que, há
pequenos sindicatos com mais de 100 diretores. Neste ano os sindicatos irão
receber R$160 milhões. Embora existam exceções, de sindicalistas que exercem um
ou outro mandato, com eficiência, a maioria permanece décadas. Até há aqueles
que deixam de trabalhar para a militância “toda vida” em sindicatos. Está aí o
ex-presidente Lula como o maior exemplo, que deixou de trabalhar nos anos de
1970 e somente veio exercer a presidência da república, em 2003.
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