01/12/2012 - PROGRAMAS SOCIAIS
Em economia, quando não
se consegue o melhor, parte-se para a teoria do “second best”, tradução literal
de “segundo melhor”, mas isto quer dizer mais: é fazer o que é mais fácil ou
mais barato. O Brasil fez planejamento econômico verdadeiro, isto é,
planejamento global de longo prazo, envolvendo metas para serem cumpridas e
acompanhadas, de 1949 a 1979, com quinze planos de desenvolvimento. Dois
governos ficaram célebres no assunto, o governo de JK, que criou o Plano de Metas
(1956), vale dizer, 30 metas em segmentos econômicos inteiros e a construção de
Brasília, o qual obteve inegáveis êxitos no cumprimento das metas fixadas, bem
como o governo Geisel, que criou o II PND, Segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento (1974), que enfrentou a recessão mundial, em face ao primeiro
choque do petróleo, mantendo metas globais de segmentos produtivos, que
alcançaram taxa média de crescimento de 6% do PIB. Mas, de 1979 para cá, nenhum
plano de desenvolvimento foi editado. O máximo que se fez foi um programa
setorial, chamado de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujos
resultados o governo admite que só foram empreendidos 40% dos investimentos
(mais pela iniciativa privada e menos pelo governo). A ONG Contas Abertas
informa que registrou somente 10% das projeções governamentais. A propósito, a
coluna da Miriam Leitão, de ontem, informou que, dos investimentos projetados
pelo orçamento público deste ano, somente foram realizados 18% até novembro.
As nações são
classificadas pela ONU como pobres, emergentes e ricas. O divisor de águas
entre o Brasil pobre e o Brasil emergente é o Plano Real, de 1994, em vigor,
que estabilizou a economia e exorcizou a inflação galopante. O caminho seguido
tanto pelo PSDB como pelo PT foi o da ortodoxia econômica. Isto é, exercer a
política econômica basicamente com a política monetária, cambial e fiscal. Com
isso, nenhum governo, mesmo aqueles de 1986 até 1991, que fizeram ‘planos
econômicos’ que eram simplesmente programas de estabilização (com nomes de
Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor, Collor II e até o Plano Real), desde
1979, realizou plano econômico de verdade. O que se tem feito desde 1994, além
da ortodoxia, que é de curto prazo, são os programas sociais. Nos dois mandatos
de FHC, os mais importantes foram o programa Bolsa Escola e o Vale Gás. Nos
dois mandatos de Lula, ele transformou o programa Bolsa Escola em Programa
Bolsa Família. Em razão da economia mundial muito favorável em seus governos,
houve a possibilidade de injetar bastantes recursos no citado programa. A
presidente Dilma deu continuidade, incluindo no citado programa os miseráveis,
criando o programa Brasil sem Miséria. Depois, incluiu também o programa Brasil
Carinhoso. Referidas siglas contemplam aqueles que ganham espantoso valor
mensal de R$70,00. Segundo a atual presidente, anteontem, os programas sociais
tiraram 36 milhões da pobreza, colocando-os na classe média baixa (que ela não
disse), tencionando retirar 16 milhões da miséria, colocando-os na pobreza (que
também não disse). Sob o ponto de vista da distribuição de renda, o Brasil
melhorou e é reconhecido internacionalmente. Porém, referidos cidadãos têm
destinos variados. A maioria continua percebendo os benefícios, não trabalham e
não querem trabalhar. Uma minoria tem conseguido progredir, mas ainda não
alcançou status de ‘classe média’ mesmo, a classe C, qual seja a de possuir a
renda per capita estimada do brasileiro, por volta de aproximadamente US$12 mil
anuais. São os citados beneficiados, na verdade, ainda pobres. Somente para
comparação com os Estados Unidos, a renda per capita de lá é de aproximadamente
US$42 mil. As maiores rendas per capita são dos países nórdicos, Noruega, por
exemplo, tem renda per capita em torno de US$72 mil.
Pelo exposto, é preciso
um enfoque muito mais abrangente. Claro, o recomeço está na educação. A
propósito, a presidente Dilma vetou ontem da lei dos royalties do petróleo da
camada do pré-sal, o artigo de muitos destinos dos recursos dos royalties,
conduzindo-os para a educação. Este poderá ser um dos caminhos para o ansiado
progresso.
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