LUCRO DO BANCO CENTRAL

Em tese, o Banco Central (BC) não poderia ter lucro em seu resultado financeiro. Isto porque ele é o banco dos bancos. O regulador do mercado financeiro. No entanto, ele intervém na compra e venda de moedas, já que compete a ele a política cambial do governo e este atua no mercado de moedas internacionais, ora comprando, ora vendendo, o que se denominou de intervenção “suja” nos mercados de moedas, já que o BC distorce a política de oferta e procura no mercado financeiro. Desde o ataque especulativo no governo de FHC, no final do século passado, que o BC passou a avidamente comprar moedas, visando ter um colchão de socorro, no caso de um ataque especulativo externo à moeda brasileira. Neste século o BC começou a comprar muita moeda estrangeira para defender-se, mediante ordens do governo federal. Já chegou a ter mais de US$380 bilhões de reservas internacionais. Em torno de cinco anos, o dólar americano começou a valorizar-se, em uma diferença gritante com a moeda real, quando por volta de 15 anos antes, de 2000 a 2015, comprava aquela autoridade monetária, dólares ou seus equivalentes monetários, tais como ouro e outras moedas e títulos internacionais, para fazer o referido colchão. Ora, a moeda comprada pelo BC, no período anterior, valorizou-se. Há cerca de três anos, com a saída de dólares mais do que o ingresso deles, o BC vendeu e vende moeda, para não permitir grande desvalorização do real. Neste ano, o processo de venda de dólares, quando se iniciou a pandemia do covit-19, tendo saído mais de US$45 bilhões de dólares do mercado financeiro e, por conta também da expressiva redução da taxa SELIC, de 14,25%, para os atuais 2,00%, dos últimos três anos, o BC passou a lucrar muito com a venda de dólares. Assim, vem o Tesouro Nacional apresentar um cálculo de um lucro de cerca de 10% do BC, de uma dívida pública interna brasileira, que já se encontra em R$4,151 bilhões. Dessa maneira, um lucro de mais de R$400 bilhões tem despertado interesse da equipe econômica, que já fez cálculos de gastos correntes de mais de R$521 bilhões, no combate à referida pandemia e cujo valor poderia reduzir o tamanho buraco das contas públicas. O assunto depende da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central. A próxima reunião do CMN será dia 27 deste mês. Basta o consenso dos integrantes do CMN para que a transferência seja confirmada. Será?

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