DESACORDOS COM A EQUIPE ECONÔMICA
O presidente da República, Jair Bolsonaro, dizia que não entendia “nada” de economia, tendo criado o Ministério da Economia, um super ministério, composto de seis secretarias especiais, oriundas da extinção ou redução de status de outros ministérios, escolhidos desde a sua campanha eleitoral, tais como planejamento, trabalho, indústria e comércio, não sendo inédito, porque Fernando Collor (1990) fez isso de forma semelhante. Escolheu então para dirigi-lo o economista Paulo Guedes, liberal da escola de Chicago, um ortodoxo de carteirinha. Chamava-lhe e seu “posto Ipiranga”, numa alusão ao comercial de que se encontra de “tudo” naquela outrora rede de postos de combustíveis. Mas, qual? O presidente, que sempre foi destemperado, de vez em quando entra em atrito com ele. Os maiores desacordos são aqueles relativos à criação da famigerada CPMF, que Guedes doura a pílula e quer implantar, até os lances de agora, em lançar um programa social mais robusto do que o Programa Bolsa Família, denominado de Renda Brasil. Ontem, o presidente declarou que não levará à frente o anteprojeto do novo programa, visto que ele seria robustecido com dinheiro que seria de outros programas sociais existentes, tais como o abono salarial anual e o auxílio defeso. Para Jair, isso reduziria sua popularidade, ora em ascensão. Nas palavras dele seria transferir dinheiro de “pobre” para “paupérrimo”.
O mercado financeiro ontem interpretou mal o desalinhamento de entes do Executivo. A bolsa de valores chegou a cair mais de 2%, mas fechou em 1,46%, para 100.647 pontos. Na verdade, a bolsa de valores tem se sustentado no patamar de 100 mil pontos porque há cada vez mais pessoas deixando as aplicações financeiras em renda fixa, que estão perdendo para a inflação, dirigindo-se para a bolsa.
A maior preocupação do mercado financeiro é a de que o presidente da República queira fazer mais gastos públicos, agravando o rombo fiscal, nos termos do que está autorizado, em face do orçamento de guerra, aprovado pelo Congresso Nacional.
No primeiro semestre deste ano, a dívida pública chegou a R$6,15 trilhões, correspondentes a 85,5% do PIB, sendo estimado pelo mercado de que poderia chegar a 100% do PIB, relativos à R$8,18 trilhões, sem contar com o incremento das dívidas dos municípios e dos Estados.
Dessa forma, o mercado financeiro receia que mais gasto público implicaria em maior taxa inflacionária e retorno da elevação da taxa básica de juros.
Comentários
Postar um comentário