14/08/2018 - REAJUSTES SALARIAIS PODERÃO SER DE R$42 BILHÕES




A conta de reajustes salariais dos poderes constituídos, de pensões, aposentadorias e outros benefícios poderão acarretar gastos de R$42 bilhões. Só este valor tomaria 71% das despesas adicionais, no valor de R$59,3 bilhões, calculadas para 2019, conforme a lei do teto dos gastos. Isto para o governo central. Como os salários e demais benefícios da União ocorrem em desdobramentos em Estados e municípios, será formada a gastança em cascata. No momento, incalculável, dado que muitos dos poderes públicos já atingiram o teto de gastos com o funcionalismo público ou não tem como pagar. Se o Supremo Tribunal Federal obrigar a União a pagar o esqueleto do ICMS, comentado ontem aqui, no valor de R$250 bilhões o déficit primário para o ano que poderá ser cavalar, muito maior do que até então registrado.

Em editorial da revista Isto é, desta semana, o trecho a seguir demonstra a situação caótica pela qual passa o País. Diz Carlos Marques: “Como se chegou até aqui? Para uma conclusão mais abalizada é preciso retomar a trajetória desde o seu início com a deposição da presidente petista em 2016. O governo que assumiu a seguir e fazia a transição do caos para a estabilidade foi literalmente engolfado por ataques. Empresários e executivos, travestidos de denunciantes da Justiça, partiram a acusações e atropelaram planos que estavam em franco andamento. As reformas vinham sendo feitas. A trabalhista passou. O teto dos gastos das estatais, idem. A inflação voltou ao eixo. Os juros desceram a um dígito – ainda não no plano ideal, mas quase lá – e a revisão completa do sistema previdenciário estava na boca para acontecer. Parou quando já era dada como certa no meio de festival de armações e negociatas para dizimar o poder constituído. O povo embarcou, criando para o sucessor de Temer, sabe-se lá a título do que e com quais fundamentos, o maior índice de impopularidade que já se viu de um mandatário – maior até do que o da Dilma (há explicação?). o Congresso entregou sua parcela de ajuda conspirando para entornar o caldo. Praticou o boicote escancarado a projetos (aliás, sua maior especialidade) e seguiu dando as costas ao Executivo. Vieram seguidas acusações, ao menos três processos de julgamento por casos de favorecimento. A mídia em boa parte cuidou de fazer o bombardeio sistemático da cobertura às investigações, deixando de lado medidas funcionais em negociação. A maior emissora do País passou quase um ano inteiro mostrando a mesma cena de um encontro forjado entre o presidente Temer e o empresário que foi orientado por procuradores do Ministério Público a agir nesse sentido. Vieram depois os caminhoneiros que literalmente pararam o Brasil, com o apoio  benevolente da população... O povo espera pelo milagre da mudança com as eleições”.

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