08/07/2018 - INFLAÇÃO EM JUNHO A MAIOR EM 23 ANOS
Antes mesmo de Dilma Rousseff sofrer o demorado processo de
afastamento do poder, o PMDB fez seu projeto intitulado “Uma ponte para o
futuro”. O vice presidente, Michel Temer, conspirava para assumir o seu lugar,
em seus contatos políticos no Congresso. Pensava-se que pior não podia ficar e
o Congresso afastou Dilma por improbidade administrativa. Temer colocou como
chefe da equipe econômica o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tinha
sido exitoso na presidência do Banco Central, em conter a inflação em patamares
bem comportados na década passada. O quadro em que encontrou Meirelles foi de
inflação de 2015, que bateu em 10,7%, recessão em – 3,5% e o câmbio disparado.
O tripé da economia fora detonado pela gestão Dilma, de meta de inflação,
câmbio flutuante e superávit primário, cabendo ao Plano Meirelles a primeira
coisa a fazer, baixar a inflação, a níveis bem reduzidos, como de fato
aconteceu até agora. Em seguida, ajustar o câmbio, como tinha feito até maio,
mediante deixá-lo flutuante e intervir, quando necessário, com swaps cambiais.
Só faltavam o crescimento econômico retornar e voltar aos superávits primários.
Em abril de 2017, o grupo JBS denunciou um imenso escândalo de corrupção,
envolvendo o presidente Temer, cuja gravação de do dono da JBS, Joesley Batista
o desequilibrou, quando Temer declarou às 23 horas da noite na fita: “tem que
manter isso, viu”, sobre propinas para Eduardo Cunha ficar calado, já que está
na prisão, por longo período. Temer perdeu forças políticas. As confianças dos
investidores e dos consumidores, que estavam subindo praticamente se
estagnaram.
Em maio, os 11 dias da greve dos caminhoneiros levaram seus
reflexos para inflação de junho, que alcançou 1,26%, a maior em 23 anos, devido
à crise de desabastecimento, que levaram os preços às alturas. Acalmados os mercados,
o resultado de junho fez os analistas financeiros a saltarem a projeção
inflacionária deste ano de 3,8% para 4,5%. No entanto, os mesmos analistas
acreditam que o pique de junho foi pontual. Ou seja, um ponto alto bem fora da
atual curva.
O bloqueio das estradas pelo País prejudicou a produção e o
fornecimento de diversos insumos e produtos, levando a uma queda de 10,9% na
produção industrial de maio, em relação a abril. Faltando ainda outras
estatísticas negativas, tal como deve ser a do desemprego. O fato é que, em
cerca de quatro meses, as expectativas sofreram uma forte reversão. O PIB
previsto em março estava em 3% para este ano. Nesta semana está em torno de 1%.
Já há os mais pessimistas dizendo que o País está estagnado como em um dos seus
piores momentos, visto que os problemas atuais, tais como déficit primário e
falta de confiança ainda vão perdurar por muito tempo. Logo, o Plano Meirelles
fracassou. Não é a toa que ele pontua somente 1%, com todo o apoio do MDB, de
quem é candidato à presidência da República.
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