26/11/2015 - EFEITOS COLATERAIS DO AJUSTE FISCAL
O ajuste fiscal em curso tem pelo
menos cinco efeitos colaterais. 1º) Da elevação de tributos sobre combustíveis.
Encareceu a vida de todos. Em resposta, no início deste mês, caminhoneiros
começaram a bloquear estradas em 14 Estados. A surpresa ficou por conta da
mobilização através das redes sociais e lideranças de fora da direção dos
sindicatos da sua área. O governo federal reagiu energeticamente, colocando a
repressão da Polícia Federal e elevou as multas a valores muito elevados. A
greve arrefeceu e acabou. Eles queimaram pneus, provocaram engarrafamentos,
dificultaram abastecimentos, causaram prejuízos para segmentos tais como leite
e carnes. Chegaram até a pedir a renúncia da presidente Dilma. As razões dos
protestos decorreram da forte retração por transportes de cargas, em recuo de
3,3%. Nos dez meses do ano, os fretes subiram 10%, acompanhando a inflação,
enquanto os custos operacionais se elevaram em 13%. Por exemplo, o preço médio
do diesel na bomba subiu 20%. Tal fato se deveu a que o governo retornou a
cobrança, desde fevereiro, do PIS, do COFINS e da CIDE sobre os combustíveis. O
ônus da elevação é de R$5 bilhões, perante custo estimado com transportes de
R$88 bilhões, conforme estudo do centro de logística Ilos. O desagradável foi
de elevação da inflação para próximo de 10% neste ano. Os cálculos são de que a
arrecadação estimada sobre combustíveis é de R$12 bilhões, em 2015; R$14
bilhões, em 2016. 2º) Da elevação da alíquota do PIS e do COFINS sobre insumos
do segmento químico, de 1% em 2015, 4,25%, em 2016 e 9,25% em 2017. Alguns
investidores da área cancelaram US$450 milhões de investimentos. A arrecadação
poderá ser de R$0,8 bilhão em 2016. 3º) Dos cortes nos recursos para a área de
informática, retornando em dezembro, a alíquota de PIS e COFINS sobre
eletrônicos como tablets e celulares. A arrecadação prevista em 2016 poderá
alcançar R$6,7 bilhões. 4º) Da elevação da desigualdade. Há um estudo para
triplicar o valor da taxa cobrada das empresas de telefonia, para ativação e a
manutenção de celulares. Segundo a ANATEL poderão ser retirados 40 milhões de
usuários de celulares, justamente os mais pobres. 5º) Das perdas de direitos
trabalhistas, tais como a redução do seguro desemprego, do abono salarial, de cortes
de 30% na saúde, na educação, refletidas com força no PRONATEC e no FIES, além
de corte de R$10 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento, atrasando a
combalida infraestrutura.
Enfim, o ajuste fiscal feito até
agora tem acontecido mais pela elevação de tributos, retirando competitividade
das empresas e prejudicando os mais pobres, visto que a pauta da Câmara está
travada, por quebra de braço entre Executivo e Legislativo, enquanto a recessão
se aprofunda e o pessimismo é sem par nesta década.
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