07/11/2015 - INFLAÇÃO É O DEMÔNIO DA ECONOMIA
Justamente, a desculpa do golpe
militar de 1964 foi de que a inflação ultrapassara a 90%, em direção a mais de
100% e daí se chegaria à hiperinflação. Portanto, um governo autoritário
geraria austeridade e reduziria o processo inflacionário. Realmente, reduziu na
marra. Mas, indexando a economia. Isto é, os contratos e os preços subiriam de
tempos em tempos. Inicialmente, de forma anual, depois, mensal, quinzenal,
semanal, diária e até ao over night. A inflação também foi à ruína do modelo
militar, na medida em que eles manipularam a inflação, mas não puderam prever
os dois choques de petróleo da década de 1970 (1973 e 1979), que trouxeram a
inflação para cima de 100% no último governo deles, do general Figueredo (o
nome dele é assim). A população fez uma longa marcha pela volta da democracia.
Houve eleições indiretas em 1984 e ela foi reestabelecida, mediante eleições
diretas para presidente em 1989. Contudo, a economia continuou indexada e a
inflação foi retroalimentada. Quer dizer, havia uma inércia inflacionária.
Coube ao Plano Real (1994) acabar com a hiperinflação a que chegou, desindexando
a economia, derrubando a inflação de três dígitos para dois dígitos, nos
primeiros anos. Depois, para um dígito, em 1996, aquela em que é suportável,
nestes 20 anos.
Em sua coluna de hoje, do jornal
O Globo, Miriam Leitão a denomina de “Inimigo se fortalece”, iniciando: “O
governo foi irresponsável ao deixar se fortalecer um inimigo que levamos meio
século para derrotar. A inflação chegou a 9,93% em 12 meses até outubro... A
inflação chegou a dois dígitos nos anos de 1940 do século passado e só foi
derrubada de volta a um dígito em 1996, após o Plano Real, que em 1994 criou o
mecanismo vitorioso contra a explosão inflacionária que o País vivia. Nos 15
anos antes do real, a taxa acumulada, como contei no meu livro ‘Saga
Brasileira’, foi de 13 trilhões por cento. Na esteira dessa escalada os
brasileiros viveram um cotidiano infernal do qual os mais velhos não esquecem e
os mais novos receberam notícia”. Portanto, a inflação está batendo à porta de
dois dígitos.
O fato é que a inflação em dez
meses vai a 8,52%, a mais alta no período desde 1996. O reajuste dos
combustíveis pesou em outubro, quando a inflação oficial atingiu 0,82%, segundo
o IBGE. As previsões de vários analistas financeiros indicam que este ano a
inflação fechará entre 10% a 11%. O fantasma da inflação se transfigura em um
demônio, por sua vez, indesejável. Por seu turno, o Banco Central já acena com
elevação da taxa básica de juros para o ano que vem e não seu corte, conforme
tinha ele mesmo previsto. Portanto, a recessão provável de 1,2% poderá ser
maior e se aproximar da estimada de – 3% de 2015.
A continuada elevação dos preços
administrados pelo governo turbina a inflação. São erros sobre erros, sacrificando
a população. O desânimo tomou conta dos agentes econômicos. A década atual, ao
que tudo indica será mais uma “década perdida”, como foi a dos anos de 1980,
que tanto atraso trouxe ao País. A chamada estagflação: estagnação com inflação
como média anula em geral.
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