18/11/2015 - DESASTRAVAR A CRISE ESTÁ DIFÍCIL




Para o experiente político Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ), ex-ministro da Aviação do PT, atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, este ano “é um ano que não existiu”. Na verdade, ele quer dizer um ano em que o País está no prejuízo, em forte recessão. Foi ele quem coordenou o trabalho do seu partido, divulgado em outubro, denominado “Uma ponte para o futuro”, sendo discutido ontem em reunião dos dirigentes do PMDB. Para ele: “É hora de discutirmos o papel do Estado. É hora do Estado eficiente, livre de desperdício, intolerante com a corrupção e obcecado por resultado”, em artigo de ontem na FSP, intitulado “Uma ponte para a esperança”. Arrematou ele: “Precisamos formar uma maioria com iniciativa para enfrentar, certamente, a maior crise econômica de nossa história, uma vez que agora sua origem é interna, provocada por mau uso de recursos públicos”. Crê-se que este ano é um dos piores. Mas, não se sabe se será o pior da história, como ele diz. Porém, “agora sua origem é interna”, não é verdade o “agora”. Sempre foi interna nestes cinco anos de deficiente gestão.

Próceres do PMDB afirmam que uma “minoria” quer o rompimento do PMDB com o PT, tendo sido a reunião um espaço para discussões, não foi deliberativa. No entanto, em março de 2016 se terá a convenção nacional da legenda. Até lá, muita coisa poderá acontecer. No evento citado, o presidente da República, em exercício, Michel Temer (PMDB-SP), vice-presidente, defendeu “remédios amargos”, para reajustar a economia. Enquanto isto, na FSP, também de ontem, o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, concedeu entrevista de duas horas, na qual disse que, “com Levy ou sem Levy”, o Brasil caminha para um “caos profundo”. Fraga defendeu 12 reformas para desinchar o Estado e de procurar elevar a produtividade. Assim, prossegue: “O impeachment pode contribuir para uma solução. Não é algo que se possa dizer ‘eu quero isso’. Pode acontecer porque estamos em Estado democrático. Poderia, sim, destravar alguma coisa com certeza... O quadro hoje é caótico. Há muitas possibilidades. A presidente fica? Não fica? É um caminho mais político? O próprio TSE? Difícil prever... Essa mudança recente de posição do PMDB... Foi um processo importante”. Refere-se ao fato de que a reunião das lideranças do PMDB trouxe sugestões bastante consideráveis para os atuais gestores.

Aqui não se concorda nem que este é o “pior ano da história”, nem que se está em um “caos profundo”. Mas, que se está exigindo da atual situação econômica  seja mais efetiva, no ajuste fiscal, não há dúvida. Agora mesmo foi divulgado que a arrecadação de tributos recuou 11%, em outubro, o pior resultado desde 2009. Não tem outra saída. Tem que cortar mais fundo as despesas públicas. Tem que fazer as reformas já. Além disso, o setor de serviços recuou 4,8%, em setembro. No acumulado, até setembro, o PIB de serviços caiu 2,8%. Sem dúvida, a recessão se prolongará por 2016.

Está difícil, mas a situação vai ter que ser destravada. Quiçá? O mais breve possível.

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