19/11/2015 - ORÇAMENTO ENGESSADO
As despesas obrigatórias do
orçamento da União correspondem a 90%, abrangendo previdência social, gastos
com pessoal, educação, saúde, sendo estas, cláusulas pétreas da Constituição,
isto é, aquelas que deverão ser rigorosamente cumpridas, além de encargos da
dívida, contratualmente estabelecidos, obrigações a serem honradas, pontualmente,
para obter-se crédito nacional e internacional. Com respeito aos custos das
dívidas, vem conseguindo a gestão pública, trocar dívida nova, por antiga,
rolando, se não o total, parte dos juros. Porém, existem dívidas que são
exigidas, tanto em principal como em acessórios. Ademais, depois de dezoito
anos, em 2014, as contas públicas apresentaram déficit primário de R$35
bilhões, déficit este que é conhecido para servir ao pagamento dos encargos da
dívida. Isto é, em tese, nem se pagou os juros dela no ano passado. Contudo,
ainda há outro maior número, que deveria ser o superávit nominal, que deveria
ser perseguido, mas, qual, nem sequer está-se conseguido o nominal, para que o
percentual da dívida se reduzisse ou se mantivesse. O nominal, que inclui o
primário, seria hoje por volta de 9% do PIB. Ou seja, mais de R$400 bilhões
anuais. Pior, ainda, em agosto o governo foi tão irresponsável, que enviou um
orçamento fiscal de 2016 com déficit primário de R$30,5 bilhões. Em
consequência, o País começou a perder a credibilidade, para obter
financiamentos internacionais e se aprofundou em recessão prevista para pelo
menos dois anos.
Na Constituição de 1988,
acreditou-se que as desigualdades sociais poderiam ser reduzidas com gastos
públicos. Elegeu-se, portanto, funcionários públicos federais como dignitários
de melhores salários do que os da iniciativa privada. O fosso foi crescendo ao
ponto de o grande sonho dos formados pelas universidades têm sido de ter um
emprego público. Bom salário e estabilidade para toda a vida. Depois, abriu-se
o leque para aposentadorias de cidadãos sem terem contribuído como fluxos de
caixa de custos/benefícios, tais como trabalhadores rurais e idosos
aposentados, sem tempo de contribuição para custear seus benefícios. Os gastos
previdenciários subiram de 4% do PIB em 1987, para 12% na atualidade. O déficit
do INSS deste ano está estimado em mais de R$100 bilhões, um rombo difícil de
cobrir. Após o Plano Real, o salário mínimo passou a ser reajustado todos os
anos com ganhos reais, sem contrapartida na sua produtividade. Hoje, os
salários já constam com aumentos reais de mais de 150%, perante uma
produtividade da economia que pouquíssimo cresceu.
Ademais, o Congresso aprovou
neste ano reajuste de 59% para os servidores do Judiciário. A presidente vetou.
Anteontem, o Congresso manteve o veto. Referido colegiado aprovou neste ano
também que os aposentados teriam direito a reajuste dos vencimentos igual ao do
salário mínimo. A presidente vetou. Ontem, o Congresso manteve o veto. As duas
propostas eram as mais explosivas do orçamento já tão debilitado. Quer dizer,
as pautas-bomba estão sendo votadas e não deram em nada.
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