20/11/2015 - ANTECIPAÇÃO DO PIB




O IBGE demora bastante para divulgar o PIB trimestral, sendo previsto para início de dezembro, algo como 70 dias, a divulgação do PIB do terceiro trimestre deste ano. Todo cuidado é pouco. Mesmo assim, o IBGE revisa todo ano, nesta época, o PIB anual, de dois anos atrás, de forma definitiva, secula seculorum.  Assim, o PIB de 2012 passou de 1,8% para 1,9%; o PIB de 2013 passou de 2,9% para 3,0%; como o PIB de 2011 não pode ser mais alterado, ficou em 3,9% e o PIB de 2014 se reduziu – 0,1%. A média do governo de Dilma não se alterou, ficando em 2,2%. Ligeiramente menor do que a da era de FHC (1995-2002), de taxa média anual de 2,3%. Já a média de Lula (2003-2010) se situou em 4,0%. O Banco Central (BC) tem seu próprio índice de atividade (o IBC-Br), desde 2010, antecipando o resultado trimestral do IBGE, entre 20 a 30 dias. Não é tão amplo como o indicador do IBGE. Porém, no caso do ciclo econômico em ascensão é só alegria. No caso de recessão é uma crônica de uma morte anunciada. A divulgação do BC foi feita há dois dias. O Banco Central, considerando o último trimestre de 2014, mais os três trimestres de 2015, encontrou uma taxa anual de – 3,08% do PIB. Até agora se tem o PIB nominal do 1º semestre de R$2,836 bilhões. Descontando a inflação do IPCA, o PIB real vai para R$2,677 trilhões. Uma retração de – 2,1%. Parece que os analistas consultados pelo BC estão corretos, visto que o PIB caiu ainda mais neste trimestre, a queda anualizada será por volta de 3% ou mais.

O PIB é medido em reais e convertido para dólares. Como neste ano o dólar se valorizou cerca de 60% acima do real. Muito provavelmente o País deixará de estar colocado em sétimo lugar da ordem mundial. Conforme relatório produzido pela agência de informações Bloomberg, o real só irá recuperar seu valor em 2019. Segundo referida agência, o real foi a moeda com pior desempenho em 2015, dentre as mais relevantes do mundo, não indo recuperar-se nos próximos três anos. Quer dizer, o segundo mandato da presidente Dilma será com um real fraco, barateando os ativos brasileiros, encarecendo as importações e incentivando as exportações. Porém, estas terão de ser mais competitivas, porque até agora pouco se beneficiou. É fundamental uma nova política industrial, dentro do quadro de várias reformas que deveriam ser feitas. Ainda há tempo. Basta que a equipe econômica não fique em um ”samba de uma nota só”, que tem sido a tecla acionada do ajuste fiscal.

Em editorial de hoje, a FSP informa que o desempenho da presidente Dilma é “Abaixo da média”, título dele. Qual foi a economia de comparação? A da América Latina (AL), devido ao peso do Brasil em seu contexto. A regra foi examinar o País depois da estabilidade advinda com o Plano Real, em 1994. Assim, durante a era FHC (1995-2002), o PIB avançou 2,3%, enquanto o da AL obteve média anual de 2,2%; durante a era Lula (2003-2010), o PIB avançou 4,0%, sendo praticamente a mesma coisa da AL, de 4,1%. Já o primeiro governo Dilma (2011-2014), o PIB cresceu em média anual 2,2%, enquanto o da AL subiu 3,0%. As projeções do segundo mandato de Dilma (2015-2018) são de recessão de – 3,1% em 2015; de – 2,0% em 2016; em 2017, de 2,2%; em 2018, de 2,8%. Praticamente, crescimento zero, enquanto para a AL a estimativa é de crescimento médio anual de 3%.

O que tem confirmado a grave recessão em curso tem sido a constatação de que o desemprego se tem elevado rapidamente. Nesta época, de festas, de compras, em outubro, deveria ter sido gerado mais empregos do que destruído. Mas, não. A taxa de desemprego elevou-se de 4,7%, de outubro do ano passado, para 7,9%, nas seis maiores regiões metropolitanas, conforme o IBGE, em outubro deste ano. Na próxima semana, a PNAD-Contínua anunciará seu dado mensal, que tem sido bem maior do que 8,5% de desemprego aberto. Por seu turno, muitos empresários tem declarado a imprensa que, ao contrário do que sempre faz, anunciando vagas temporárias, desta vez, não haverá anúncios.

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