27/08/2015 - EQUILÍBRIO DE FORÇAS
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Segundo Aristóteles: “a virtude
está no meio”. Isto é, no “equilíbrio de forças”. Conforme a teoria econômica
há várias formas de praticar a política econômica, sendo os seus extremos, a
ortodoxa e a heterodoxa. No passado de mais de três décadas se costumava chamar
a da esquerda e a da direita. Existe uma concepção teórica, a teoria marxista,
que é excelente, para explicar a história. Mas que é um desastre quando usada radicalmente.
Por exemplo, é sabido que Josef Stálin, para consolidar a União Soviética, foi
responsabilizado por cerca de 20 milhões de mortes. A esse respeito, o próprio
Karl Marx afirmou que não era marxista, na forma em que estavam aplicando a sua
teoria. Dessa forma, o melhor modelo a praticar é aquele que está no meio,
usando conhecimentos de ambos os lados, mediante o planejamento econômico de
longo prazo. Em seu limite, a ortodoxia é chamada de liberal ou neoliberal,
quando o Estado tem uma posição ‘neutra’ na produção e somente é regulador dos
mercados. Em seu limite, a heterodoxia é quando o Estado regula e intervêm
fortemente nas estruturas de mercado. A irmã siamesa da economia é a política
e, portanto, precisa de clara definição.
Embora o esperado fosse, o
equilíbrio de forças não é o que acontece com a gestão da presidente Dilma. No
primeiro mandato foi heterodoxa e derrubou a economia brasileira. No segundo
mandato a está colocando em longa recessão. Segundo artigo quinzenal de
Alexandre Schwatsman, doutor em economia por Berkeley, USA, de posição
ortodoxa, em artigo da Folha de São Paulo de ontem, quando examina também, em
síntese, o primeiro mandato da presidente Dilma (2011-2014): “O PIB cresceu ao
estonteante ritmo de 2% ao ano, levando à alucinante expansão de 1% anual da
renda per capita; a inflação, mesmo com controles de preços, superou 6% ao ano;
a dívida pública aumentou de 51% para 59% do PIB; por fim, o déficit externo
alcançou mais de US$100 bilhões (4,5% do PIB) no ano passado. Não há dúvida que
se trata de desempenho medíocre; em compensação, foi acompanhado de desequilíbrios
macroeconômicos severos... Entre 2011 e 2014, o PIB mundial cresceu 3,6%
anuais, marginalmente mais do que os 3,5% ao ano, registrados nos quatro anos
anteriores. No mesmo período os termos de troca, a relação entre os preços das
coisas que o Brasil exporta e ao que importa, foram 12% melhores do que no
segundo mandato do presidente Lula, quando o País cresceu 4,5% ao ano. As
causas foram domésticas. O erro da presidente... ter sido incapaz de entender
que a desaceleração, que se deveu a restrições do lado da capacidade de
produção, da falta de mão de obra às carências de infraestrutura. Por causa
disso tomou medidas para estimular a demanda, que não apenas falharam em
acelerar o crescimento como levaram aos desequilíbrios macroeconômicos acima
listados”. O autor não se referiu ao
déficit público, que ocorreu em 2014, depois de 18 anos, o que, principalmente,
levou a presidente Dilma, no segundo mandato, a adotar a política econômica
ortodoxa, levando a economia à recessão de agora em diante (2015/2016?).
Na questão política, Élio
Gaspari, refere-se no seu artigo do dia 26 passado, na FSP, intitulado: “O olho
da crise está no bunker”, começando assim: “Tendo produzido uma crise econômica
e política, a doutora Dilma e o PT mostram-se dedicados a agravá-la. Chamaram
Joaquim Levy para cuidar das contas e puxam-lhe o tapete. Chamaram Michel Temer
para cuidar da articulação política e cortaram-lhe as asas... O governo não demorou
em perceber a gravidade da crise econômica que alimentou; tentou negá-la e deu
no que deu. A crise política tem duas peculiaridades. Uma vem do PT, a outra é
de Dilma. O PT não faz alianças, recrutam súditos, ou sócios. Dilma, por sua
vez, chegou à presidência da República sem jamais ter vivido o cotidiano de um
parlamento... a falta de experiência parlamentar (o caso de Dilma) ou a
incapacidade de preservar alianças (o caso do PT) influi no metabolismo dos
palácios, transformando-os em bunkers: ‘Nós estamos certos e todos os outros
estão errados’. Em seguida, dentro do bunker, estabelece-se uma competição de
egos: ‘Eu estou certo e meu rival dentro do governo é a causa de todos os
males’. Desgraçadamente, uma vez criada a mentalidade do bunker, o mundo em
volta deixa de ter importância. Briga-se pela briga. O exemplo extremo dessa patologia
pode ser encontrado no bunker mais famoso de todos os tempos, o da Chancelaria
do III Reich, em 1945. Aquilo é que era bunker, a oito metros de profundidade”.
Em resumo, as previsões mais
otimistas, realizadas semanalmente pelo Banco Central são de a economia recuará
entre – 2% a - 3% em 2015 e de – 0,2% em 2016. Na política, a presidente Dilma
não tem mais maioria no Congresso, o Tribunal de Contas da União está ameaçando
reprovar suas contas de 2014, o Tribunal Superior Eleitoral está cogitando reabrir
as contas eleitorais dela, já com quatro votos dos sete ministros que as
examinaram e a oposição está preparando pedido de seu impeachment.
Há em tudo, algo de bom. A
inflação, devido as medidas ortodoxas tomadas, está recuando. O governo quer
cortar ou anexar ministérios, para reduzir gastos. Falta planejamento econômico
de longo prazo e as reformas estruturais. Mesmo com as dificuldades acima
elencadas, espera-se que as venha fazer.
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