26/08/2015 - MINISTÉRIOS A LIMPO
“Vamos passar todo o ministério a
limpo”, declarou a presidente Dilma, nesta segunda feira (24 deste) aos três
maiores jornais brasileira: Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e O Globo. Ou,
se vai passar a limpo é porque está indiscriminadamente sujo. Não sabe
identificá-los? Ficou agora? Antes não estava? A presidente recomeçou uma “mea
culpa”, afirmando que o governo errou ao só agora perceber que a crise
econômica era muito maior do que ela esperava. Durante a campanha eleitoral do
ano passado e até o momento a presidente resistiu, dizendo que a crise era da
economia internacional e não do seu governo. Criticou a proposta de seus
adversários das eleições, de redução do excessivo número de 39 ministérios
executivos existentes, 9 somente dentro do Palácio do Planalto. Afirmou que os referidos
candidatos tinham “uma imensa cegueira tecnocrática”. No início do seu segundo
mandato, começou o ajuste fiscal em janeiro, mas manteve a grande máquina
pública. Há um projeto do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de corte de 19
ministérios, quer será votado e provavelmente poderá ser aprovado. Na citada
entrevista, recua, ordenando ao ministro do Planejamento, que seja cortado até
setembro 10 ministérios e reduzido cerca 1.000 cargos em comissão dos 22.500
existentes nos ministérios. Indagado de quanto seria isto, Nelson Barbosa, seu
ministro do Planejamento disse que não tinha ainda o cálculo. Ninguém será
preservado dos cortes, nem mesmo seu partido o PT, disse ela. Recorde-se que,
no início do seu primeiro mandato (2011), a mesma presidente disse que iria
fazer “um faxinaço” na equipe ministerial, afastando vários ministros acusados
de corrupção. Mas, parou em um ano, por somente substituir dez chefes do
primeiro escalão, herdados de conchavos entre os partidos políticos da base
aliada. Manteve a estrutura pesada e em muitas partes corrupta, tal como as
denúncias que não param de chegar, há cerca de 17 meses, mediante investigações
nos contratos de obras da Petrobras, já atingindo o sistema elétrico e indo em
direção ao BNDES. Cerca de 30 empreiteiras estão envolvidas e mais de 53
políticos de cargos federais estão sendo investigados, para serem julgados pelo
Supremo Tribunal Federal.
A presidente Dilma tem provocado
um recuo longo no desenvolvimento, sem par, na história democrática brasileira.
É uma pessoa vacilante, autoritária, que dá poder e retira sem avisar. Mais uma
vez fica patente nisto, quando saiu da principal administração, delegando ao
seu vice, Michel Temer, a articulação política, sem ter findado o Ministério de
Articulação Política, que tinha ministro sem atuar, mas que tirou agora do vice-presidente
a autoridade, quando disse “eu não quero é mudança na articulação política”.
Temer saiu nesta semana de cena da macropolítica. Ademais, o Tribunal de Contas
da União deu a presidente Dilma 30 dias de prazo, prorrogando por mais 15 dias,
que termina amanhã, tendo o governo federal pedido mais 15 dias, para explicar
as pedaladas fiscais. Ou seja, infringências cometidas na Lei de
Responsabilidade Fiscal em 2014, quando, depois de 18 anos, a União apresentou
déficit final orçamentário.
Não se vai repetir aqui, na
escrita diária de uma lauda, os recuos e transtornos da gestão errática da
presidente, mesmo sendo ela economista, mas, principalmente, sobre o ponto de
vista da ciência econômica. Para concluir hoje, já começou a bater forte pelo
mundo a crise econômica chinesa, ela que é a segunda maior economia mundial,
responsável por 15% do PIB (os Estados Unidos são por 25%). Sem dúvida, vem por
aí grande impacto do que lá está sucedendo, visto que a China é o maior
parceiro comercial brasileiro. Infelizmente, a situação ainda vai piorar. Prova
disto é que as expectativas do informativo semanal Focus, do Banco Central
apontam expectativas para o recuo do PIB de 2015 em – 2,06 e de – 0,24 em 2016.
Já, o IBGE divulgou o desemprego aberto de julho, de 8,3%, correspondentes a
8.400.000 pessoas, conforme dados coletados em 3.500 municípios pela PNAD
Contínua.
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