25/08/2015 - CRIATIVIDADE TRIBUTÁRIA
O Brasil, incapaz de cortar as
suas despesas, até agora, utiliza-se de uma criatividade sem par. Mesmo com uma
carga tributária de 36% do PIB. Isto mesmo, mais de um terço do resultado
produtivo vai para o governo, em direção a crescer para a sua metade. Desde
1946, quando estava em 16%, a gestão pública federal abusa da criatividade de
novos tributos. Eles começam com a criação de múltiplas taxas, em todas as
esferas de poder, passando aos impostos diretos e indiretos, os quais têm
hierarquias próprias de cobranças aos níveis municipal, estadual e federal.
Além de taxas e impostos, devido ao centralismo tributário federal, os governos
sejam os ditatoriais (1964-1984) ou os democráticos (1985 até hoje), criaram
uma série de contribuições, de âmbito restrito federal.
Mediante o ajuste fiscal,
iniciado em janeiro, houve uma reação muito forte para não se criarem tributos.
As primeiras Medidas Provisórias (MP), portanto, foram em direção de elevar as
alíquotas deles, gerando novas receitas. A única que resistiu mais de sete
meses criava faixas de tributos para 56 segmentos produtivos, retirando a
desoneração que existia sobre a folha de pagamentos. Há vários meses atrás, o
presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, chegou a devolver a MP
referida, para que fosse debatida como anteprojeto, no segundo e raro episódio
da força do cargo. Porém, depois da Câmara Federal aprovar o citado pacote, o
Senado o aprovou como da Câmara veio, bem como do governo central, sendo o
fôlego que a equipe econômica precisava, de R$25 bilhões de arrecadação anual
prevista. Para este ano o aperto de corte de 30% no orçamento federal em todos
os níveis de poder, em média, além de recuo das receitas extraordinárias
previstas, mostraram a falta de dinheiro e a economia entrou em recessão
prolongada. Para o ano que vem, o governo arrumará maneiras de tributar ainda
mais os brasileiros. Há vários anos se discutem maneiras no Congresso de
transformar em lei, da noite para o dia, novos tributos. O mais badalado poderia
ser a “repatriação de recursos”. Significaria autorização, mediante pagamento
de impostos, para trazer ao Brasil dinheiro não declarado, mantido no exterior.
A estimativa é de arrecadação de R$30 bilhões. O segundo seria o da “liberação
de depósitos judiciais”, em razão de haver um estoque de R$60 bilhões deles,
retidos nos bancos públicos, para pagamento de precatórios estaduais e
municipais. Estima-se que 70% poderiam ser liberados, gerando caixa de R$40
bilhões. O terceiro seria a “venda de terrenos da marinha”. Existem hoje ilhas
e áreas das costas marinhas ocupadas por particulares, que pagam uma taxa pela
concessão. A ideia seria de privatizá-las. O valor ainda é incalculável. O
quarto seria o leilão das hidrelétricas e de campos de petróleo para a
iniciativa privada. O quinto seria a venda de ativos das estatais, tais como já
anunciados como as vendas de ações da Caixa Seguridade, do IRB Brasil e da Br
Distribuidora de Petróleo. O sexto seria a criação de um imposto sobre grandes
fortunas. O sétimo seria de criação de novo tributo sobre as heranças. Enfim,
todas elas trariam menos mobilidade ao capital, reduzindo investimentos e,
consequentemente, atrapalhariam a obtenção de melhores e maiores taxas de
desenvolvimento. Não se desce ao cerne
da questão, que se encontra em voltar a ter planejamento de longo prazo e
reduzir paulatinamente a dívida pública, visando ter fôlego orçamentário, alem
de tornar eficiente a máquina pública em seus gastos e procedimentos
superpostos. A esse respeito, ontem o governo já admitiu a redução de dez
ministérios e o corte de 1.000 dos 22.000 cargos de confiança dos ministérios.
O assunto irá ao Congresso, onde já existe outro projeto de autoria do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de redução de 19 ministérios. Quiçá seja
um deles aprovado e se alcance expressiva redução de gastos públicos.
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