06/08/2015 - RETOMAR O CRESCIMENTO
Retomar o crescimento é a maior
dificuldade da atual equipe econômica, ainda mais quando as projeções de uma
série de órgãos de pesquisa não são boas para a economia brasileira, nem a
curto, nem a médio, nem em longo prazo, a não ser que se façam as reformas para
retomar o crescimento. O Conselho Federal de Economia projeta um milhão de
destruição líquida de postos de trabalho em 2015. O raciocínio tem a ver com o
longo ciclo de elevação da taxa de juros básica, a SELIC, iniciada em abril de
2013, coincidindo com a redução da geração de empregos, consoante análise das
estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados divulgados pelo
Ministério do Trabalho. Em abril de 2013, a taxa SELIC era de 7,25% anuais, no
menor nível da história. Desde então passou a ser reajustada com alguns
intervalos de estabilidade. Hoje está em 14,25% anuais, praticamente o dobro.
Assim, no segundo semestre de 2014 foram fechados, em termos líquidos, 176 mil
vagas de trabalho com carteira assinada. No primeiro semestre deste ano, o
fechamento da espécie aumentou para 345 mil. A recessão instalada está se
aprofundando pelo efeito manada, devido ao fato de que as expectativas dos
agentes econômicos estão sendo mais pessimistas até o final do exercício.
Cortes de gastos, aumento de impostos vão à contramão do crescimento.
Como reverter o quadro econômico
atual? A resposta é de elevar a produtividade brasileira, em nível atualmente muito
baixo. Conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em dez anos, entre
2002 a 2012, a produtividade cresceu apenas 0,6% ao ano, enquanto o PIB cresceu
por volta de 4% anuais. Muito provavelmente a produtividade de 2013 a 2014
foram menores, senão negativas. Certamente, em 2015 ela será negativa.
Não custa imaginar o caminho para
retomar o crescimento. O ajuste fiscal que começou no início do ano tem que ser
completado. Para tal é necessário um acordo político e a aprovação das mudanças
propostas que estão no Congresso. Falta um ingrediente fundamental, que é a
redução do número de ministérios. Defendido pelo presidente da Câmara, em
diminuição de 20 ministérios. O próprio Planalto já admite cortar de 5 a 10
ministérios. Um bom indício. Ademais, reverter o corte feito na educação. Na
verdade, fazer uma reforma educacional. Reforma tributária, maior abertura
comercial, revisar o modelo de concessões, para que ele se torne mais
interessante para atrair investimentos. Segurança jurídica, com leis, marcos
regulatórios e bom funcionamento das instituições. Simplificar o recolhimento
de tributos e reduzir a burocracia. Não pode é continuar no atual marasmo. E
parece que não vai ficar mesmo. A última pesquisa da Datafolha sobre a
popularidade da presidente Dilma, publicada hoje, a reprovação do governo dela
atingiu 71%, seis pontos a mais do que no levantamento de junho, quebrando
recorde dos presidentes da Nova República (1985 até agora), José Sarney e
Fernando Collor, que, igualmente obtiveram 68% de rejeição. Os que o
consideravam regular desceu de 24% para 20%. Os que assim o fizeram, para o
conceito de ótimo ou bom, caíram de 10% para 8%. Foram entrevistados 3.363
eleitores, dos quais 66% defenderam o impeachment da presidente. Portanto, vão
ter que mudar logo, para retomar o crescimento, ou, então, a mudança será exigida
como saída política.
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