21/08/2015 - VALE DE LÁGRIMAS




Segundo depoimento a Miriam Leitão, colunista econômica da rede Globo, Alexandre Tombini, presidente do Banco Central (BC), declarou que este é o momento mais difícil da economia: “Hoje estamos no vale, em termos de crescimento. A queda do PIB não é em V, mas em U. Este é o momento que estamos na parte mais baixa do U. As coletas de preços estão mostrando que haverá um alívio em agosto e setembro, mas a mudança mais forte virá no começo do ano que vem. Haverá uma queda substancial da inflação, que sairá do patamar de 9% para 5% alto (próximo de 6%). Os efeitos defasados da política monetária continuarão empurrando a inflação para baixo e eu acredito que fecharemos 2016 com a inflação na meta”.  Só não disse quando recuará a taxa básica de juros, pressuposto ortodoxo para o retorno do crescimento. Presume-se que ela recuará no ano que vem, lentamente. Portanto, também, lentamente voltará o incremento do PIB.

O custo do ajuste fiscal, iniciado em janeiro, parece que atingiu o fundo do poço, neste mês, após o Senado aprovar o último projeto de política fiscal, de elevação de tributos para as empresas, o que gerará cerca de R$25 bilhões aos cofres públicos. Trata-se de lei que acaba com as desonerações concedidas pelo governo a 56 segmentos produtivos, sendo o mesmo texto que veio da Câmara, o que será sancionado pela presidente Dilma. O problema é saber como será este ponto, sendo ao que parece um vale de lágrimas, visto que a recessão poderá ser de dois anos (2015-2016), fato inédito de muitas décadas, conforme última pesquisa semanal do BC, geralmente, apresentando resultados mais favoráveis ao governo, sendo recuo de – 2,01% em 2015 e de - 0,15% em 2016. Para o economista Roberto Padovani, do Banco Votorantim, o PIB só crescerá em 2017, ainda assim, de apenas 1%. Fazendo um exercício da provável era Dilma, considerando a média anual do seu primeiro mandato (2011-2014) de 2,1%, as projeções do BC, para 2015-2016, a do referido economista para 2017 e, a desta coluna, de 2% para 2018, a citada era teria um incremento médio anual do PIB de 1,16%. Sairia de um vale de lágrimas, enxugando as lágrimas, almejando-se que se volte a sorrir depois de 2018. Ou seja, manter-se-ia praticamente a escrita de uma década boa, como a anterior, por exemplo, a do ano 2.000, uma década ruim, a de 2010, nova década boa, a de 2020. Aproveitando-se, então, a última década do bônus demográfico, o qual não voltará mais.

Divulgou o IBGE o índice mensal do desemprego do Cadastro de Empregados e Desempregados, elevando-se para 7,5%, sendo o sétimo avanço consecutivo. Ou seja, pelo menos 8 milhões de brasileiros estavam de carteira assinada, procurando emprego. Para se fazer uma ideia da gravidade do quadro atual, este indicador é 56% maior do que há um ano, em julho. O pior número do mês, desde julho de 2009. Sabe-se que referido indicador é bem menor do que o indicador da PNAD-Contínua, proximamente a ser divulgada, também mensal, que pesquisa 3.500 municípios, enquanto o indicador divulgado agora se reporta as seis maiores regiões metropolitanas do País. Uma mais triste constatação, visto que o desemprego é maior nas cidades do interior.

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