23/05/2014 - PERDAS DOS PLANOS ECONÔMICOS
A partir do primeiro Plano
Econômico, em 1949, o Plano SALTE, a economia brasileira passou a ter uma
intervenção geral do Estado. Antes o Estado intervinha setorialmente. As
experiências anteriores mais abrangente
se deram duas vezes. A primeira, chamada de “Processo de Substituição das
Importações”, a partir dos 1930, que perdurou até os anos de 1970, isto é, o
estímulo ao crescimento rápido à retardatária indústria brasileira, que fora
proibida na etapa colonial (1703, pelo Tratado de Methuen). A segunda, em 1939,
mediante Plano de Obras para a 2ª Guerra Mundial, circunscrito a esta. A lógica
do Plano SALTE (1949-1954), do Plano de METAS (1956-1960), do Plano TRIENAL
(1963) era crescimento rápido, trazendo em consequência níveis mais altos das
taxas de inflação, até atingir 92%, na passagem de 1963 para 1964, motivo
econômico principal para ser realizado o golpe militar de abril de 1964. Os
governos militares indexaram a economia, fazendo o Programa de Ação Econômica
do Governo (PAEG), para vigorar de 1965 a 1966, derrubando a taxa de inflação
para a casa de 20% anuais. Depois fizeram o Programa Estratégico do
Desenvolvimento (PED), previsto para 1967-1970. O Primeiro Plano Nacional de
Desenvolvimento (I PND), projetado para 1970-1974. Neste período ocorreu o
“milagre econômico” (1967-1974), crescendo o País acima de 10% anuais. A
inflação se manteve baixa, ainda por volta de 20% anuais. Então veio o primeiro
choque mundial do petróleo (setembro de 1973), através de elevação de 230%.
Mesmo assim foi feito o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND),
proposto para 1975-1978, a economia cresceu em “marcha forçada”, perante uma
inflação bastante reprimida. Entretanto, ocorreu o segundo choque do petróleo,
em setembro de 1979, não obstante já houvesse o Terceiro Plano de
Desenvolvimento prospectado para 1979-1984. Este fracassou e a inflação
retornou tão forte, que logo alcançou a casa dos 100% anuais, maior do que a
anterior ao golpe, não havendo alternativa senão os militares deixarem o poder.
Os governos seguintes prosseguiram, fazendo programas de estabilização.
O Plano CRUZADO (1986)
compreendeu o congelamento geral de preços e salários, derrubando a inflação.
Na época, trouxe uma perda dos empréstimos compulsórios de 30% sobre a
gasolina, a qual está prescrita. O Plano CRUZADO II (1986) foi um pacote
fiscal, não havendo perdas gerais. O Plano BRESSER (1987) ocasionou perda de 26,06%
no FGTS, não reconhecido pelo Superior Tribunal Federal (STF) e de 8,04% na
caderneta de poupança, ainda em trânsito no STF. O Plano VERÃO (1989) levou a
prejuízos de 16,64% no FGTS, transitado em julgado (termos técnicos que dizem
não permitir mais recurso) no STF, além de 20,36% na caderneta de poupança,
ainda não julgado pelo STF. O Plano Collor (1990) causou prejuízo de 44,80% no
FGTS, transitado em julgado no STF, enquanto a perda da poupança ainda não foi
julgada pelo STF. Nada em geral interposto aconteceu para o Plano COLLOR II até
então. Enfim, quem recorreu à justiça recebeu os prejuízos do FGTS do Plano
VERÃO e do Plano COLLOR I. Aqueles que não recorreram destes dois poderiam ter
feito “O Maior Acordo da História”, de 2001, que lesou milhões de brasileiros.
Se não fizeram não tem mais direito.
No dia 21 deste o Supremo
Tribunal de Justiça (STF) decidiu sobre dois casos relativos às perdas das
cadernetas de poupança acima referidas. A decisão tem uma abrangência muito
ampla, por causa do efeito vinculante: em qualquer ação civil pública no
Brasil, os juros começam a ser cobrados desde a citação do réu e não após a
execução da sentença. Portanto, a correção da caderneta de poupança em geral,
relativa aos planos em referência, alcançaria R$340 bilhões. O Banco Central
tinha apelado para que isto não fosse aprovado, visto que a decisão do STJ
poria em risco o próprio sistema financeiro. Agora, a decisão final ficará por
conta do STF, aonde as partes recorreram da sentença. Dessa forma, fica bem
claro como o sistema jurídico brasileiro é tão complicado e demorado. “Quem
viver: verá”.
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